31 DE JANEIRO DE 2015
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro e restantes Membros do Governo — a quem a
Mesa cumprimenta —, Srs. Jornalistas, está aberta a sessão.
Eram 10 horas e 4 minutos.
Srs. Agentes da autoridade, podem abrir as galerias.
Srs. Deputados, não havendo expediente para ser lido, passamos, de imediato, à ordem do dia que, como
sabem, consiste no debate quinzenal com o Primeiro-Ministro, sobre as questões de relevância política,
económica e social.
Este debate é feito ao abrigo da alínea a) do n.º 2 do artigo 224.º do Regimento, significando isto que o
debate abre com uma intervenção do Sr. Primeiro-Ministro, seguindo-se as perguntas pela seguinte ordem:
PS, PCP, BE, Os Verdes, CDS-PP e PSD.
Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Julgo que é
oportuno, nesta altura, lançar um olhar mais atento sobre os dados recentemente divulgados, relativos à
execução orçamental em contabilidade pública de 2014.
Evidentemente que só teremos até meados de março os números definitivos e em contabilidade nacional
respeitantes à execução do Orçamento e ao impacto do défice orçamental, mas ninguém negará que os dados
que foram conhecidos justamente há uma semana mostraram que o Governo tem tido prudência e acerto nas
projeções que vem fazendo. Não apenas para os objetivos da política orçamental que foram estabelecidos
para 2014, mas também, porque a boa execução reforça os dados para 2015, a projeção que fazemos para o
ano corrente.
Gostaria de destacar, em particular, que na composição do esforço que foi realizado para atingir a meta do
Orçamento, verificamos que a redução da despesa contribuiu com dois terços do esforço para o resultado
alcançado, enquanto a receita, e a fiscal também, contribuiu com um terço do esforço da consolidação, o qual,
como sabem, consistia num balanceamento apresentado desde 2011 — e não apenas para Portugal, mas, no
caso do nosso País, a partir de 2011 — como virtuoso no processo de consolidação.
É sabido, também, que o Governo nem sempre conseguiu em todos os anos esta repartição e este esforço,
teve de corrigir, por várias vezes, medidas que tinha adotado e que correspondiam a este objetivo de ter uma
composição desta natureza: dois terços com responsabilidade na redução da despesa e um terço pelo
aumento da receita.
Não foi o que aconteceu em 2013, como se recordam, mas foi o que aconteceu em 2014, o que significa
que, quando comparamos o resultado de 2010 com o que deveremos atingir em 2014 — e 2014 foi um dos
anos responsáveis por esse balanceamento ter ficado mais próximo deste objetivo inicial —, de um modo
geral, temos a despesa com uma responsabilidade maior no objetivo do Orçamento do que a receita.
No entanto, não deixa de ser muito curioso que, quando se assiste ao debate público, se conclua o
contrário. O destaque que é dado à receita é de tal forma evidente e pesado que se fica com a sensação de
que, na verdade, o que aconteceu em 2014 é que a receita fiscal foi a única ou a maior responsável por
termos conseguido alcançar o objetivo do défice. É uma falsa perceção e é pena que a correção não seja feita
em termos mediáticos. Espero que hoje o debate aqui, no Parlamento, possa contribuir para que essa
correção seja feita.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não foi a receita que nos permitiu atingir maioritariamente o défice, foi o
controlo sobre a despesa que nos permitiu alcançar o resultado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Essa evidência contribui para reforçar as previsões que fazemos para 2015. É sabido que, quando
apresentámos a proposta de Orçamento do Estado para 2015, quer a Comissão Europeia quer o Fundo