I SÉRIE — NÚMERO 44
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que quem tem desequilíbrios maiores tenha de fazer um maior esforço de correção e que aqueles que não têm
desequilíbrios tão pronunciados tenham mais margem de manobra.
Julgo que isto faz todo o sentido em qualquer parte do mundo, mas quando ouvimos o Partido Socialista
não ficamos com a certeza de que esta seja a sua perspetiva.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Finalmente, quero dizer ao Sr. Deputado que, relativamente às eleições gregas, tive oportunidade de dizer
aquilo que entendia ser importante. É importante que se reconheça que a Grécia não está, em 2015, nas
mesmas condições em que estava em 2010 e o progresso que foi registado na Grécia nestes quase cinco
anos deve-se a um esforço tremendo que foi feito também pelos gregos.
Durante todo esse processo, a União Europeia procurou ajudar a Grécia, e Portugal foi também um dos
países que contribuiu para a ajudar. Apesar de tudo, não foi possível à Grécia, como à Irlanda e a Portugal,
fechar o seu programa de ajustamento. Ela vai no segundo programa que ainda não conseguiu fechar e não
sabemos ainda se não precisará de um terceiro programa. No entanto, o que sabemos é que é importante
para todos, na União Europeia, que a Grécia possa respeitar os seus compromissos, possa cumprir as regras
europeias, como toda gente, e que possa ter sucesso nas suas políticas. Sinceramente, é isso que desejo à
Grécia, qualquer que seja o governo que os gregos escolham. E já escolheu um governo, durante todo este
período, liderado pelos socialistas, que quase desapareceram do mapa eleitoral grego pela força mais
conservadora da Nova Democracia, e agora por um partido da extrema-esquerda grega, equivalente ao nosso
Bloco de Esquerda, que é o Syriza.
Sr. Deputado, respeitamos as decisões soberanas de todos os Estados e lembramos, nesta matéria, que
todos os Estados merecem respeito.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Ferro Rodrigues, tem a palavra.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, como é evidente, estava a referir-me
à reunião em que a sua Ministra das Finanças participou ao nível do Eurogrupo e em que as questões da
flexibilidade foram discutidas e à lamentável inação no sentido de conseguir — que é o que faz sentido — que
países que necessitam de investir, países que têm problemas mais graves do que outros, tenham condições
de acesso a essa flexibilidade ainda maior do que os outros, ao contrário do que o senhor diz.
Portanto, a sua visão sobre a Europa e Portugal é exatamente ao contrário da nossa. O senhor acha que
um problema europeu é um problema europeu e um problema português é um problema português; para nós,
os problemas europeus são problemas nacionais e os problemas portugueses são problemas europeus.
Aplausos do PS.
Falemos do realismo da sua intervenção, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro aponta como grande realização o facto de os desempregados em Portugal serem
689 600 neste último trimestre de 2014, mas esqueceu-se de dizer que desencorajados, pessoas que
deixaram de ser consideradas como desempregadas porque, pura e simplesmente, não têm esperança de
arranjar um emprego são mais 302 300 pessoas, o que significa que só com isto chegamos a ter quase 1
milhão de portugueses desempregados.
O Sr. Primeiro-Ministro esquece-se que o desemprego jovem continua a aumentar, apesar da emigração,
nestes três anos e meio, de mais de 400 000 portugueses. Dessas questões o senhor não fala e são questões
gravíssimas que afetam terrivelmente o tecido social português e que correspondem a uma falta de esperança
para muitos.
Portanto, aquilo que se verifica com tudo isto e com as alterações europeias é que há um estrondoso
fracasso das políticas de austeridade e isso é que levou a estas novas orientações. Aliás, o Banco Central
Europeu disse, ao contrário do que o Sr. Primeiro-Ministro diz, que sozinho não ia lá, só com medidas