I SÉRIE — NÚMERO 58
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É ou não verdade que, na formação e na qualificação, o que está a ser apontado é levar ainda mais longe a
opção de transformar os fundos comunitários em base de financiamento da despesa corrente do Ministério da
Educação?
Como é que explica que o apoio às empresas se faça com regulamentos que preveem uma
responsabilidade subsidiária futura, envolvendo, por eventual irregularidade que venha a acontecer no futuro,
as pessoas que representam, hoje, a empresa na candidatura, mesmo que na altura em que ocorram os
factos, daqui a três ou quatro anos, já nada tenham que ver com a empresa?
Entretanto, permanece a falta de resposta quanto ao problema que está colocado e que ameaça
impossibilitar à partida a maioria das micro e pequenas empresas tributadas por métodos indiciários e coletas
mínimas — a exemplo do PEC e do regime simplificado — de se candidatarem a fundos comunitários e a
outros benefícios, ficando assim excluídos dos apoios. Em que ficamos, afinal, Sr.ª Deputada?
São cinco ou seis perguntas concretas, são questões que têm que ver com a vida real da economia
portuguesa na aplicação desse tão propagandeado quadro comunitário de apoio. Fica a pergunta e o nosso
desafio, Sr.ª Deputada. Deixe lá a propaganda, desça à terra e responda às questões concretas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Matias.
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, apresento um cumprimento
especial à Sr.ª Deputada Vera Rodrigues pelo tema relevante que nos trouxe e, sobretudo, queria dar-lhe nota
de que há uma oposição que, infelizmente, se queixa mas, felizmente, há um Portugal que segue trabalhando
e os resultados demonstram-no.
A afirmação, a fibra, a coragem, de quem não desiste, ajuda a afirmar um novo tempo, também económico.
Quando aqui disse que havia três motores que estão a estimular e a alavancar o crescimento económico é
importante, porque são factos: há mais procura interna, é verdade, mas também há mais investimento, e isso é
um facto.
Há mais exportações, é um facto; é um ano recorde o de 2014, sobre um ano recorde, de 2013 e, portanto,
quando se procura criar aqui uma fantasia de que as exportações descem ou crescem menos, o que é certo é
que é um ano recorde sobre um ano recorde em relação às exportações.
O Sr. João Galamba (PS): — A procura externa líquida é negativa! Negativa!
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — O Deputado João Galamba falava aqui há pouco sobre o crescimento
do PIB antes da crise e eu gostava que a Deputada Vera Rodrigues, se pudesse, me confirmasse se
andámos, ou não, demasiado tempo a crescer sobre a compra do endividamento. Se o Deputado João
Galamba quiser ir rever as estatísticas oficiais, poderá perceber que, entre 2000 e 2011, o crescimento da
dívida pública bruta foi, em valor absoluto, de 131 000 milhões de euros, quase duas vezes o dinheiro que
tivemos de ir buscar sob a forma de assistência económico-financeira.
Portanto, esse crescimento, que era, sim, anémico e, sim, não sustentado, reverteu, infelizmente, sob a
forma de dívida e sob a forma do esforço que os portugueses têm feito. Mas, apesar de tudo, isso não
impossibilitou que, a partir de 2014, tivéssemos crescimento económico, tivéssemos redução sustentada de
desemprego, tivéssemos capacidade de investir, tivéssemos capacidade de exportar mais.
Falou na oportunidade de que se reveste o Portugal 2020. É ou não verdade que aquilo que está
apresentado, seja no método, seja no tempo, seja em termos de um conjunto de planos operacionais que irão
devolver a criação de investimento e a exigência de investimento reprodutor de riqueza, e aquilo que está já a
ser executado, sendo que a ambição do Governo é a de ter até ao fim deste ano cerca de 5% de execução, o
que é sensivelmente três vezes mais do que aquilo que se registou, por comparação, no primeiro ano de
execução do QREN, leva a que tenhamos crescimento económico?
É ou não verdade que são estes instrumentos, este conjunto de ambições, esta visão estratégica que leva
a que tenhamos crescimento económico, esse sim, sustentado não em dívida mas em criação real de riqueza?