I SÉRIE — NÚMERO 58
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Gostaria também de lhe dizer que percebo que ponha em causa a estratégia relativamente ao apoio às
empresas, porque o PCP não gosta das empresas, o PCP não gosta de investimento privado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não arranjam nada melhor do que isto? É esta a resposta do CDS?!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Portanto, aquilo que o Sr. Deputado tem a dizer é muito curto para
nós e continuaremos a apoiar as empresas, o seu acesso e os fundos de investimento das empresas.
Sr. Deputado Nuno Matias, de facto, o pacote de investimento de que neste momento o País dispõe é
maior do que nunca e a estratégia de apoio às empresas é fundamental, porque é essencialmente pelo
investimento privado e é pelo trabalho dos empresários, dos gestores e dos trabalhadores portugueses que
vamos lá, é assim que vamos sair do buraco em que o Partido Socialista nos meteu.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita
Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: As Imagens que iremos ver e que estão
projetadas são do edifício da Escola de Música do Conservatório Nacional em Lisboa.
As condições absolutamente degradantes em que funciona o Conservatório é o exemplo cabal de como
sucessivos governos, e de forma particular o atual Governo PSD/CDS, destratam o património público, a
cultura, a educação, o País e, em particular, o ensino artístico.
Não esquecemos que o problema não é de agora, persiste e tem vindo a agravar-se desde há décadas. As
únicas obras de fundo terão sido feitas nos anos 40 do século passado, nesta escola que cumprirá os seus
180 anos no próximo dia 5 de maio.
Mas hoje a profunda degradação do edifício atinge uma situação de gravidade inaceitável, coloca em causa
a segurança de toda a comunidade educativa e originou o encerramento temporário de várias salas de aula,
com sério prejuízo para o percurso escolar dos estudantes.
A Escola de Música do Conservatório Nacional funciona no antigo Convento dos Caetanos, construído no
século XVII, sendo necessárias intervenções no telhado, insonorização das salas, recuperação das janelas,
aquecimento, espaços para a prática individual, bem como uma profunda intervenção no salão nobre.
Toda a estrutura do edifício apresenta um elevado estado de degradação, rachas nas paredes por falhas
no assentamento dos materiais e todo o teto necessita de substituição urgente.
Nas salas dos pisos superiores já caíram pedaços do teto enquanto decorriam aulas e muitas são
encerradas quando chove para proteção e segurança de alunos e professores.
No auditório principal, cujo teto tem frescos de José Malhoa, a estrutura das paredes apresenta deficiências
estruturais e por forma a evitar literalmente a ruína das paredes foram colocados pilaretes de metal,
provisoriamente, em 1995, que desde aí permanecem.
As cortinas do salão são as mesmas desde 1940 e as cadeiras apresentam um elevado grau de
degradação.
Sr. Presidente, Sr. Deputados: O Conservatório conta atualmente com cerca de 970 alunos, 280 dos quais
em ensino integrado, do 5.º ao 12.º ano.
Estes alunos já haviam sido prejudicados com o atraso na colocação de professores no início do ano letivo
e agora sofrem novamente as consequências de opções políticas que radicam na precariedade e no
desinvestimento da escola pública.
O PCP, desde 2007, tem vindo a apresentar propostas para a realização de obras no Conservatório. De
forma reiterada PS, PSD e CDS rejeitaram essas propostas.
Em Outubro de 2014, o PCP apresentou novamente essa proposta, agora aprovada por unanimidade.
Contudo e porque a verba não estava prevista no Orçamento do Estado para 2015, o PCP apresentou uma
proposta para assegurar a realização da obra em 2015. Novamente, PS, PSD e CDS votaram contra.
O anterior Governo PS não realizou as obras necessárias, o atual Governo PSD/CDS também não.
Para o Partido Comunista Português é urgente travar o processo de degradação da Escola de Música do
Conservatório Nacional e concretizar as obras estruturais para a sua salvaguarda.