6 DE MARÇO DE 2015
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O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — É como o PCP, também tem de passar do discurso à prática!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Pois é, Srs. Deputados, mas, quando em novembro passado, se discutiu aqui
uma proposta do PCP…
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Era uma proposta avulsa!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Não era avulsa, Sr.ª Deputada, era uma proposta que dizia «Garanta-se a fase
inicial das obras do Conservatório de Lisboa em 2015». Ora, PS, PSD e CDS votaram contra. Isto é
profundamente negativo, porque todos sabemos da indignidade e da degradação daquele património, todos
sabemos da insegurança que se verifica naquelas instalações e todos sabemos da paixão que têm aqueles
profissionais e aqueles alunos e da desvalorização a que os senhores sujeitam o ensino artístico.
Por isso, para o PCP, chega de discursos. É preciso tomar medidas e é preciso garantir, de uma vez por
todas, o ensino artístico, a sua valorização e a valorização do Conservatório e da sua comunidade educativa.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana
Sofia Bettencourt.
A Sr.ª Ana Sofia Bettencourt (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, quero dizer-lhe que a sua
última intervenção, em resposta ao Partido Socialista, de facto, é quase perfeita. É isso mesmo, é quase
perfeita.
Nós, na bancada social-democrata, sempre defendemos o ensino artístico especializado, sempre
defendemos estas matérias e não tivemos uma atitude distinta por estarmos na maioria que suporta o Governo
ou na oposição.
No entanto, a Sr.ª Deputada criou aqui uma imprecisão: em 2008, o único grupo parlamentar que não
votou, porque não tinha uma proposta para a realização de obras, foi o do Partido Socialista. À data, o Grupo
Parlamentar do Partido Socialista justificou com a questão da grande intervenção que seria realizada pela
Parque Escolar.
Gostava de fazer aqui um bocadinho de história, porque isto é importante. Nenhum edifício chega ao
estado de degradação que acabámos de visionar — e teremos oportunidade de o visitar — num espaço de
três anos. Não é possível! E gostava de fazer história porquê? Em 2005, foi lançado um concurso público, pelo
Ministério da Educação, para a realização de obras, nomeadamente no salão nobre, nas salas de aula, na
galeria, no palco, subpalco e cobertura. Mas — pasme-se! — a mesma Ministra que o lançou, em 2008,
extinguiu-o, sem qualquer explicação, a não ser a da Parque Escolar.
Mas, então, vamos procurar um bocadinho mais e reparamos que a questão desta obra e a sua prioridade
foi relegada para a terceira fase, terceira fase essa já numa altura em que a Sr.ª Deputada Gabriela
Canavilhas era Ministra da Cultura, como foi aqui bem lembrado. E tinha sido professora deste Conservatório,
portanto, teria um peso acrescido para negociar a altura e a fase em que o Conservatório poderia ter a
intervenção, mas não o fez.
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Não se tratam questões pessoais no Governo!
A Sr. Ana Sofia Bettencourt (PSD): — Depois, em 2009, o então Primeiro-Ministro José Sócrates resolve
afirmar, numa visita a uma escola, que vai antecipar 100 escolas da terceira fase para um momento anterior,
mas, mais uma vez — pasme-se! —, o Conservatório não aparece na realização destas obras.
Há, ainda, outra questão que o Partido Social Democrata aqui quer relembrar: em 2007, foi aprovado por
unanimidade, sob proposta dos vereadores do PSD, e do, então, vereador, hoje Deputado, Dr. Fernando
Negrão, uma moção e recomendação para que a Câmara fizesse a fiscalização e intimasse o Governo a fazer
obras, intimação essa que nunca apareceu. Houve dúvidas jurídicas relativamente a saber se a Câmara podia