6 DE MARÇO DE 2015
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O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: É evidente para todos nós
que o Partido Comunista Português pretende, de alguma forma, antecipar as suas conclusões em relação a
uma Comissão Parlamentar de Inquérito que ainda está a decorrer e que terá o seu término e as suas próprias
conclusões.
Mas, mesmo admitindo — e nós damos de barato — que o Partido Comunista Português tem o direito de
antecipar as suas conclusões sobre a referida Comissão de Inquérito, o mesmo direito, porém, já não lhe
assiste quando pretende antecipar as conclusões das demais forças políticas que integram a Assembleia da
República, como faz ademais no texto do projeto de resolução. Nessa parte, devo dizer que não pode contar
com a contemporização do PSD.
Porém, se, por um lado, o Partido Comunista Português pretende antecipar as conclusões de uma
comissão parlamentar que está em curso e que terá o seu término, curiosamente, em simultâneo, pretende
estender, prolongar a Comissão de Inquérito, naturalmente com uma outra roupagem, com uma outra
estrutura e com poderes reforçados. Como? Muito simplesmente, criando, de acordo com o projeto de
resolução em apreço, uma unidade técnica, a constituir junto do Fundo de Resolução, composta por
especialistas em direito fiscal e financeiro.
O Sr. David Costa (PCP): — Quem não deve não teme!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — E com que finalidade pretende o Partido Comunista Português criar
esta unidade técnica? Claramente com fins de investigação. Se assim é — e, sinceramente, não temos
qualquer dúvida quanto à afirmação que agora fazemos —, o que o Partido Comunista Português pretende é
criar uma unidade que irá sobrepor-se ou, pelo menos, concorrer com outros organismos de investigação,
nomeadamente o Ministério Público, ou de supervisão, nomeadamente o Banco de Portugal.
Ora, isto resulta que, sem embargo dos louváveis propósitos que prossegue, o Partido Comunista
Português pretende criar, nem mais nem menos, uma unidade paralela que obrigará à alocação de recursos
humanos, que consumirá necessariamente recursos financeiros do erário público, para prosseguir fins que,
afinal, já são prosseguidos por outras entidades. E se já são prosseguidos por outras entidades, esta unidade
não representa mais do que uma desconsideração por essas mesmas entidades. Quais? O Ministério Público,
o Banco de Portugal, entre outras.
Portanto, Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, entendemos que esta proposta é ilógica, é irracional e —
perdoem-me a expressão — até insensata. Por isso, não será com esta proposta que iremos conseguir obter
aquilo que todos queremos, que é justiça.
Nessas circunstâncias, não poderá contar com a adesão do Partido Social Democrata.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Teresa Anjinho.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, uso da palavra para dizer algo
breve e, creio, lógico.
Sr.as
e Srs. Deputados, de forma não surpreendente, comungamos inteiramente do título do projeto de
resolução. Tanto comungamos que, por diversas vezes, em sede de Comissão, fizemos várias perguntas aos
mais diversos intervenientes, com vista exatamente a apurar os beneficiários finais das transações financeiras
que lesaram o BES e o Estado português.
Vou realçar: o CDS pretende o apuramento exaustivo de tudo o que se passou no Grupo BES, o
conhecimento de todos os factos que implicaram a falência do GES e de todos os responsáveis por tal
situação.
Todavia, se comungamos do título, já nos afastamos liminarmente tanto da forma como do conteúdo do
debate em questão.
Em primeiro lugar, a forma. O PCP, que nos recorda ser autor da proposta de constituição da Comissão
Parlamentar de Inquérito, com esta iniciativa, parece querer, por um lado, fazer esquecer que a Comissão