21 DE MARÇO DE 2015
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reclama estar mais próximos do turismo do que dos serviços, reclama que não pertence a este diploma que
mistura tudo.
Srs. Deputados, em relação à simplificação, a custos de contexto, perguntem às pequenas empresas o que
pensam das trapalhadas do Sr. Secretário de Estado Paulo Núncio quanto aos regimes e aos sistemas de
faturação. Perguntem aos pequenos empresários o que pensam sobre a conta da luz que pagam todos os
meses. Perguntem aos pequenos empresários sobre os custos que realmente contam, para não fazerem um
discurso vazio sobre desburocratização ou simplificação de regimes e de processos que, depois, não contam
nada na vida dos empresários que, sempre que vêm reclamar medidas, reclamam medidas de fundo que, de
facto, facilitem a sua vida.
Para além de tudo isto, este regime ainda cria atividades de mercado, ainda cria negócios e não nos
esquecemos que entrega a atividade funerária às IPSS, como se já não tivessem atividades suficientes e
como se já não estivessem a conseguir uma boa parte das atividades que hoje são do Estado social.
Acima de tudo, este decreto e esta legislação é perigosa para o pequeno comércio.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Isto vai num caminho…
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — A liberalização dos horários e a liberalização dos saldos beneficiam
quem tem mais dimensão, quem tem mais escala, quem tem mais capacidade económica e esmaga os mais
pequenos. A liberalização promove a concentração e isto acontece em todos os setores. Isto é uma verdade
económica e empírica da sociedade.
Por isso, não deixa de ser curioso que o decreto tenha tido o apoio da SONAE mas não dos pequenos
empresários e não dos pequenos comerciantes. É paradigmático, Srs. Deputados.
O que este regime faz é dar instrumentos às grandes empresas para afastar a pequena concorrência, com
tudo o que isso implica de desertificação dos centros urbanos, de perda de postos de trabalho, de perda de
património social, cultural e económico, com os pequenos negócios a fechar por este País fora.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Há quem vá fazer mestrados para o estrangeiro.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Toda a gente sabe, porque toda a gente vê nas cidades pequenos
negócios tradicionais a serem substituídos por grandes superfícies ou franchising. Isto tem impactos
económicos, sociais e culturais no futuro.
Portanto, Srs. Deputados, tanto discurso em prol dos pequenos empresários, mas na hora h o que se
promove são caixas de supermercado. É isto que se promove na hora h, com estas medidas de liberalização
do setor.
Para terminar, Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado, gostaria de dizer sim à simplificação, sim à
desburocratização, sim à consolidação, mas assim não.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, novamente, a Sr.ª Deputada Hortense Martins para uma intervenção.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sr.ª Presidente, de facto, a Assembleia apenas se pronunciou sobre uma
autorização legislativa, como aqui já foi dito.
Sr.as
e Srs. Deputados, em relação à questão do Licenciamento Zero e do Simplex, pelos quais o Governo
anterior tanto fez, e os Srs. Empresários sabem muito bem que o caminho já tinha sido iniciado e até o Sr.
Vice-Primeiro-Ministro dizia que era algo que se devia aproveitar, é preciso dizer que isso foi manifestamente
interrompido por este Governo, que acrescentou custos de contexto na maior parte dos casos.
Por exemplo, nas questões do licenciamento, os municípios e as entidades da administração central
investiram recentemente quantias significativas na adaptação dos sistemas e na criação do Balcão do
Empreendedor, que visa tramitar o regime jurídico do Licenciamento Zero.