I SÉRIE — NÚMERO 64
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O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Chamo a atenção dos Srs. Deputados que, obviamente, é
assumido por nós que queremos simplificar. O Balcão do Empreendedor, na sequência do Licenciamento
Zero, é para nós uma aposta nessas empresas e na facilidade de acesso e de exercício da atividade por estes
empresários.
Não nos digam, e assumindo aqui o diploma, que não ouvimos, não consultámos, não fizemos um diploma
com audição.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Pois não! Não ouviram as entidades!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Há algo que se impõe aqui clarificar. Uma coisa é a audição, e
esse momento ocorreu, outra coisa é a decisão, e esse momento ocorreu, e outra coisa ainda é a votação, e
essa foi feita.
Tenho de registar aqui, com algum lamento, que votado o documento em 16 de janeiro, entrou em vigor há
20 dias…
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Foi uma autorização legislativa que é completamente diferente! O Sr.
Deputado deve saber!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — … repito, entrou em vigor há 20 dias, e ainda nem sequer estava o
diploma em vigor e já o Partido Socialista, em fevereiro, acusava o documento por não ter existido audição e
não cumprir os objetivos a que se propõe.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Não é sério! É ignorância!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Sr.as
e Srs. Deputados, isto não me parece uma maneira muito
séria de fazer política. O documento, depois de ser aprovado democraticamente e por maioria, deve ser
monitorizado, deve ser avaliado e quiçá corrigido no futuro. Mas haver um documento que foi aqui aprovado,
que nem sequer está em vigor e que é acusado de não cumprir não nos parece a melhor maneira de fazer o
debate democrático.
Assumimos a responsabilidade do documento, assumimos que queremos continuar a nossa agenda
reformista e, portanto, entendemos que o documento deve prosseguir, sem prejuízo da avaliação que teremos
de fazer, a seu tempo, mas garantidamente nunca antes de ele entrar em vigor.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Segue-se a intervenção do Bloco de Esquerda, pela Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados,
ainda bem que o Sr. Deputado do PSD falou em debate, porque uma das críticas que fizemos à discussão
deste diploma, logo que veio a autorização legislativa ao Parlamento, é que não houve tempo para debater um
diploma tão complexo e tão extenso e que abrange, como disse o Sr. Secretário de Estado, na altura, 60% das
empresas deste País.
Não merecia mais debate? Não merecia mais reflexão? Não merecia a aceitação dos contributos dos
Deputados, com as várias visões políticas sobre o tema? Se calhar, merecia. E essa é a primeira crítica: o
método foi mau, do ponto de vista do debate.
Mas também não fica por aí e não é essa a razão pela qual pedimos a cessação da vigência do diploma,
pedimo-la porque não estamos de acordo com o seu conteúdo. Mistura o que não é misturável, não responde
às especificidades de cada setor, trata por igual aquilo que não é, nem pode ser, igual.
Por isso, o setor da restauração, que tanto, aliás, tem a agradecer a este Governo, reclama não pertencer a
este diploma. Pertence a outro, tem uma legislação diferente, tem um enquadramento legal diferente, que