O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

26 DE MARÇO DE 2015

5

O Sr. JoãoGalamba (PS): — Sr. Deputado, estando eu a falar de um Governo e de uma maioria que

diabolizam crescimentos do consumo privado acima do PIB, que dizem que esses crescimentos são

insustentáveis e que estão na base dos problemas estruturais da economia portuguesa e que, pelo contrário, a

economia portuguesa deve crescer com base nas exportações líquidas e que a procura externa líquida deve

ser positiva e o motor da economia portuguesa — oiça bem isto o seu líder parlamentar e eu conto com uma

resposta séria e à altura das perguntas que lhe estou a fazer —, explique-nos como é que o Sr. Deputado vem

aqui celebrar um crescimento totalmente assente na procura interna, totalmente assente no consumo que

cresce acima do PIB e que este Governo considerava insustentável. É que agora há uma revisão em alta do

PIB e o que é revisto em alta é o consumo, mas as exportações líquidas são revistas em baixa.

Como muito bem disse o Sr. Deputado, as exportações mantêm-se, mas as importações são revistas em

alta. Ora, se as exportações líquidas, em 2014, já eram negativas, se agora as exportações se mantêm e se

as importações são revistas em alta, significa que as exportações líquidas são ainda mais negativas do que

em 2014. Ou seja, se o nosso crescimento, em 2014, implicou uma degradação da balança externa em 30%,

em 2015, segundo dados que agora veio aqui celebrar, a coisa será pior.

E quanto ao investimento, que tem sido apontado como a variável-chave na recuperação da economia

portuguesa? Diga-nos o que aconteceu ao investimento, leia-se formação bruta de capital fixo, nos dados hoje

revelados pelo Banco de Portugal. É que foram revistos em baixa. Ou seja, nós não só temos um investimento

que caiu 30% — o investimento público caiu 60%, em 2014 cresceu apenas 2,3%, depois de cair, se não me

engano, 6,8% no ano anterior, e este ano volta a ter-se crescimentos anémicos — como foi revisto em baixa

pelo Banco de Portugal.

A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado João Galamba.

O Sr. JoãoGalamba (PS): — Sr. Deputado, se não quer vir aqui fazer proclamações sem qualquer

fundamento na realidade, pedia-lhe, sinceramente, que comentasse esses dados, porque são da maior

importância para percebermos o que mudou face a 2011.

A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, queira concluir.

O Sr. JoãoGalamba (PS): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.

É que a única coisa que mudou face a 2011 e que tem justificado a revisão em alta do PIB de toda a União

Europeia, inclusive de Portugal, é o quantitativeeasing do Banco Central Europeu, em que o consumo privado

é revisto em alta em todo o lado, mas a crise de investimento, que é o maior problema da União Europeia e,

em particular, em Portugal, é revisto em baixa.

A Sr.ª Presidente: — Está a intervir há quase 4 minutos, Sr. Deputado.

O Sr. JoãoGalamba (PS): — Portanto, Sr. Deputado, esperando de si uma discussão séria e fundada em

dados e não em proclamações, muito sinceramente, gostava que me ajudasse a elucidar este paradoxo: como

é que uma economia que é revista em alta nas variáveis que o Governo sempre disse que eram negativas

pode ser a prova do sucesso das políticas do Governo? Tenho muitas dificuldades em perceber que assim

seja e tenho a certeza de que o Sr. Deputado concordará.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, as bancadas reclamam, e com razão, quando há excesso de uso do

tempo por parte dos Srs. Deputados. A Mesa não dispõe de nenhum poder coativo sobre os Deputados e, por

isso, eu não tenho outro modo que não seja chamar a atenção de que ultrapassaram o tempo.

A próxima pergunta é do PCP.

Tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.