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I SÉRIE — NÚMERO 65

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O Sr. AntónioFilipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Filipe Lobo d’Ávila, vem aqui repetir, mais

uma vez, aquele discurso recorrente que ouvimos da parte dos partidos da maioria e que tem, obviamente,

como única motivação o facto de as eleições estarem à porta e de os senhores procurarem repetir até à

exaustão, repetir mil vezes, na esperança de que a vossa repetição torne verdade aquilo que manifestamente

não o é.

A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente!

O Sr. AntónioFilipe (PCP): — Nós bem percebemos que os senhores possam utilizar algumas afirmações

do Sr. Draghi, da Sr.ª Lagarde ou de outros senhores do FMI, que procuram, afinal de contas, o mesmo que os

senhores procuram, que é justificar estas políticas de austeridade que impuseram ao longo dos últimos anos.

Ninguém estava à espera que as instituições da troica ou os partidos da maioria viessem reconhecer aquilo

que os portugueses reconhecem, que é dizer: «Bem, afinal, as políticas que impusemos ao País fracassaram

e o País está bem pior do que estava antes da imposição destas medidas de austeridade».

O Sr. João Oliveira (PCP): — É um facto!

O Sr. António Filipe (PCP): — Não estávamos à espera que os senhores dissessem isso ou que o Sr.

Draghi ou a Sr.ª Lagarde viessem dizer isso e, portanto, os senhores repetem o mesmo discurso.

Sr. Deputado Filipe Lobo d’Ávila, aquilo que disse aqui vá dizê-lo lá fora aos portugueses e logo verá as

respostas que ouve.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. António Filipe (PCP): — Vá dizer aos portugueses que perderam o seu posto de trabalho que o País

está melhor agora do que estava há uns anos ou vá dizer aos jovens que não encontraram emprego em

Portugal e que tiveram de emigrar que regressem porque o País está melhor e logo verá o que esses jovens

têm para lhe dizer.

Relativamente às instituições, os senhores invocam os relatórios e as afirmações feitos nos dias pares e

ignoram os que são feitos nos dias ímpares. Porque, também vindas dessas instituições, não faltam

afirmações de que Portugal está a abrandar o ritmo das reformas e que o que é preciso é restringir ainda mais

a economia portuguesa e os direitos dos portugueses, flexibilizar ainda mais as relações laborais, impor a

vigilância reforçada sobre a economia portuguesa, o que significa a imposição de mais austeridade.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. António Filipe (PCP): — Obviamente que temos relatórios para tudo.

Mas o que é um facto é que os senhores fizeram com que o País, económica e socialmente, caísse pelas

escadas abaixo e agora, que tentam reequilibrar e subir um degrau, vêm dizer: «Isto agora está melhor do que

antes de nós cairmos»!

Evidentemente que o País está muito pior, porque as pessoas não existem para satisfazer os mercados.

Não é possível, não é aceitável que se imponha uma política de empobrecimento, de redução do poder de

compra, de destruição da vida das pessoas para satisfazer o mercado, como se o mercado fosse uma

divindade.

A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. António Filipe (PCP): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.

É com essa lógica que é preciso acabar de uma vez por todas. Os mercados foram criados pelas pessoas,

não foram as pessoas que foram criadas para servir os mercados.

Aplausos do PCP.