I SÉRIE — NÚMERO 83
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O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Faz-se necessário o reajustamento
das bases orçamentais das freguesias no âmbito daquilo que tem sido a reorganização administrativa do
município de Lisboa. Assim, o contributo do Bloco de Esquerda neste debate não contraria esse desígnio ou
essa necessidade, é uma matéria que cremos de bom senso, já que tem a ver com esta lei aqui aprovada na
Assembleia da República: os trabalhadores que pertenciam ao quadro do município e que foram obrigatória e
compulsivamente deslocados para os quadros das juntas de freguesia poderem ter preferência no regresso
aos quadros da Câmara Municipal quando forem abertos concursos na mesma área e nas mesmas funções
que tinham.
Creio que é uma questão de bom senso, de elementar justiça, haver essa capacidade de regresso aos
quadros da Câmara Municipal quando é aberto um concurso para a mesma área, para as mesmas funções.
Portanto, isto é de elementar bom senso e de elementar justiça.
Assim, tentar entender que, com isso, se quer limitar a transferência de trabalhadores não faz sentido, Sr.
Deputado António Prôa, porque, na verdade, se a Câmara abre concursos para determinadas áreas de onde,
entretanto, retirou trabalhadores para as freguesias, isso significa que a Câmara continua a precisar de
trabalhadores para essas funções e é de meridiana justiça que isso possa ocorrer. Assim, esperamos o vosso
sinal de apoio em relação a isso, porque se trata apenas de quando é aberto concurso na Câmara e ninguém
está a pedir, neste momento, a devolução dos trabalhadores para o quadro do município, vindos dos quadros
das freguesias.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo
Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Como muito bem já foi dito
pelo Deputado António Prôa, no quadro da reorganização administrativa da cidade de Lisboa, tivemos um
novo mapa que reduziu de 53 para 24 as freguesias, um novo quadro de competências e novos critérios de
repartição de recursos financeiros e humanos entre a Câmara Municipal de Lisboa e as freguesias.
Este processo foi fruto de diálogo e compromisso político no seio dos órgãos municipais, na Câmara
Municipal de Lisboa e na Assembleia Municipal de Lisboa, fruto do diálogo e compromisso político resultante
da auscultação das freguesias, da auscultação da população, do envolvimento das universidades, fruto de
diálogo e compromisso político resultante do que foi o trabalho conjunto entre os partidos representados nos
órgãos do município, nomeadamente entre o PS e o PSD, mas também de múltiplos debates públicos que
envolveram todas as forças políticas representadas no município de Lisboa e também dezenas e dezenas de
representantes da população.
Para o Partido Socialista, este é, naturalmente, um bom exemplo da gestão de António Costa e do PS na
cidade de Lisboa, mas é também um bom exemplo do trabalho conjunto com todos os autarcas. É por isso que
devemos saudar, e saudamos, em especial o PSD, pelo envolvimento que tem tido neste processo, mas
também os autarcas de todos os partidos, porque eles, e também os independentes eleitos nos diferentes
órgãos municipais, têm contribuído para implementar esta reforma.
É a propósito desta implementação que aqui temos este projeto de lei. Em especial após a definição
daquilo que é estruturante e ficou no município e aquilo que passou para as freguesias, importa adequar os
montantes atribuídos a cada freguesia decorrentes da necessária adequação à implementação da reforma,
mas também, acima de tudo, decorrentes de um diálogo permanente entre o município, as freguesias, os
trabalhadores e os diferentes órgãos municipais.
Esta adequação decorre, como já aqui foi dito, de um processo de monitorização e acompanhamento que
consideramos exemplar, com uma equipa de missão a trabalhar, a auscultação permanente dos autarcas, dos
serviços da CML e dos trabalhadores, Sr. Deputado Luís Fazenda, com a produção de relatórios pela equipa
de missão, com a produção trimestral de análise desses relatórios e de recomendações por parte da
Assembleia Municipal de Lisboa, com o compromisso e o diálogo entre todos os partidos, recomendações que
têm sido implementadas.