I SÉRIE — NÚMERO 98
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A violência institucional e doméstica a que milhares de idosos estão sujeitos é grave e muito preocupante.
Os números são alarmantes. Estima-se que 40% dos idosos sejam vítimas de violência doméstica, violência
que aumenta com a idade, dos maus tratos físicos aos maus tratos psicológicos.
Permitam-me que saliente aqui a negligência na omissão de higiene, alimentação e medicação, muitas
vezes perpetradas pelos seus próprios filhos. E os idosos têm pudor em denunciar esta violência, razão pela
qual ela fica silenciada no quadro do espaço onde é cometida.
Também a colocação compulsiva de idosos em equipamentos e a gestão abusiva e ilegítima do seu
património constitui uma grave forma de violência institucional contra os idosos.
Ora, viver livre de violência é o primeiro de todos os direitos humanos, e desse direito muitos dos nossos
idosos estão, hoje, privados.
Estima-se ainda que 21% dos idosos estejam em risco de pobreza, pelo que consideramos fundamental a
reposição da proteção do complemento solidário para idosos, enquanto elemento central de redução da
pobreza.
A rede de cuidados continuados será também reativada, para chegar ao domicílio dos idosos e
dependentes, e isto irá acontecer já, no próximo governo socialista.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Já decidiram pelas pessoas!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Os idosos não podem ser privados da sua dignidade e há patamares mínimos
para a construção de uma sociedade decente que têm de ser respeitados. Temos de conseguir, é esse o
desafio: prestar cuidados, garantir apoios e dar afeto, no respeito pela sua privacidade e autonomia de
vontade. É este o desafio que está em cima da mesa e muitas audições foram promovidas,…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.ª Deputada, tem de concluir.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — … pela Subcomissão de Igualdade, onde nos foi dado conta de que ainda há
muito a fazer no direito da família e no direito sucessório.
Sr.ª Presidente, para concluir, quero dizer que…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem mesmo de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — … acompanhamos, de forma genérica, a proposta do Bloco de Esquerda, embora
pensemos que não há necessidade de criar novas estruturas para estas medidas se poderem implementar, no
sentido do diálogo intergeracional e de um envelhecimento ativo e sustentável.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.as
e Srs. Deputados, como terão verificado, houve um problema
com o sistema eletrónico de contagem dos tempos, mas a Mesa optou por não interromper a intervenção da
Sr.ª Deputada Elza Pais e fez a contagem do tempo de outra forma, de modo que a Sr.ª Deputada acabou
beneficiada.
Vamos prosseguir com o ponto seguinte da nossa ordem de trabalhos, a discussão conjunta da petição n.º
410/XII (3.ª) — Apresentada por Carina Cristina Codeço Brandão e outros, solicitando à Assembleia da
República a aprovação de legislação que permita melhores condições de mobilidade e acessibilidade na via
pública em Lisboa, nomeadamente das pessoas com mobilidade reduzida ou condicionada, e do projeto de
resolução n.º 1516/XII (4.ª) — Promove melhores acessibilidades na via pública e nos edifícios e
equipamentos de uso coletivo (BE).
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, na certeza de que, como ainda
não foi possível restabelecer o sistema eletrónico de contagem dos tempos, iremos continuar a contabilizá-los
de outro modo e, por isso, irei alertando a Sr.ª Deputada.