I SÉRIE — NÚMERO 98
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Exemplos como os que a própria petição aponta, das passagens de peões de superfície com desvios de
nível entre as vias pedonais e rodoviárias, sem identificação dos seus limites, assinalados por alteração da
textura ou pintura com cor contrastante, são a regra que nunca passou a exceção.
Mas também a inacessibilidade a transportes coletivos, de que são exemplo as estações mais antigas do
metropolitano de Lisboa, onde faltam ou estão constantemente avariados os elevadores de acesso à gare de
embarque,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. David Costa (PCP): — … assim como a escassez de plataformas elevatórias que assegurem o
acesso de todas as pessoas com mobilidade reduzida aos comboios, no transporte ferroviário, é um caso claro
de incumprimento do Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de agosto, que se constitui como obstáculo físico que
dificulta o acesso e a mobilidade, ao arrepio do estrito cumprimento da Constituição da República Portuguesa.
Srs. Deputados, recusando um caminho de retrocesso e perda de direitos conquistados pelas pessoas com
deficiência, o PCP acompanha o objeto da petição e continuará a lutar por um rigoroso cumprimento da lei,
garantindo todas as condições de acessibilidade sem barreiras arquitetónicas e urbanísticas.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Rui
Paulo Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Uma primeira nota para
saudar o esforço, o trabalho e a mobilização dos peticionários, porque, de facto, este é um problema muito
relevante.
Tudo aquilo que tem a ver com a mobilidade é extremamente relevante e só quem nunca passou por uma
situação complicada, quem nunca teve de lidar com familiares numa situação destas é que desvaloriza este
assunto. E é extremamente importante, desde logo, em matérias relacionadas com o espaço público e com
aspetos muito práticos que desvalorizamos no dia a dia mas que são, muitas vezes, quase montanhas
intransponíveis ou muito difíceis de transpor, como é o caso dos buracos nos passeios, da altura dos próprios
passeios, da ausência de rebaixamento nas passadeiras, do acesso às paragens dos transportes públicos
rodoviários, de tudo aquilo que tem a ver com o acesso a edifícios. Enfim, são matérias em que temos de fazer
muito mais e melhor.
Fui relator desta petição e, na própria Comissão, tivemos esta dificuldade e este desafio, aqui, na
Assembleia da República, com a audição dos peticionários. A esmagadora maioria dos peticionários usava
cadeira de rodas, a sua audição foi marcada para uma sala no 3.º andar e foi o cabo dos trabalhos para
entrarem na Assembleia da República e acederem aos elevadores. O simples ato de carregar nos botões dos
elevadores, que, para qualquer um de nós, é normal, é uma grande dificuldade para muitos destes
peticionários.
Foi uma audição bastante interessante, pena é que tenha sido pouco participada, mas tivemos muitos e
variados exemplos, de todo o País, daquilo que se tem feito de bom, daquilo que não se tem feito, daquilo que
é preciso fazer, e também um grande detalhe sobre projetos em que a sociedade se mobilizou, em orçamento
participativo, na cidade de Lisboa, mas que, infelizmente, estão algo atrasados, embora em concretização.
Portanto, aquilo que é importante dizer, Sr.ª Presidente, e com isto termino, é que todos temos de fazer
mais e melhor. Todos temos de fazer mais, em conjunto, ao nível central e local, e também por isso saudamos
e acompanhamos o projeto de resolução que o Bloco de Esquerda aqui traz.
Gostava de terminar com um desafio, que é o de que nós, aqui, na Assembleia da República, deitemos
também mãos à obra e resolvamos todos, em conjunto, os problemas de mobilidade e acessibilidade na
Assembleia da República, com que todos os peticionários se confrontaram quando aqui vieram e com que os
cidadãos com dificuldade de mobilidade se confrontam no dia a dia.