15 DE JUNHO DE 2015
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Estamos, com isto, abertos à discussão deste importante tema no que diz respeito às competências da
Assembleia da República, que é exatamente haver uma alteração ao regime geral das taxas.
Por isso, Sr.as
e Srs. Deputados das diversas bancadas, apelamos ao debate sobre projeto de lei e
pensamos que a Assembleia da República pode tomar uma posição no sentido de servir as populações.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Começo esta intervenção por saudar a
realização desta petição, com mais de 4000 assinaturas, que reivindica a suspensão da taxa municipal de
proteção civil no município de petição. Saudamos também todos os cidadãos que subscreveram esta mesma
petição.
Os peticionários alegam várias irregularidades no Regulamento da Taxa Municipal de Proteção Civil do
município de Portimão.
Para o PCP, há três questões que gostaríamos de abordar nesta discussão.
Em primeiro lugar, importa referir que as autarquias locais são entidades que detêm um quadro de
autonomia, com órgãos próprios — um órgão executivo colegial, um órgão deliberativo —, eleitos diretamente
pelas populações. E, segundo a Constituição, as autarquias estão sujeitas à tutela administrativa, isto é, à
verificação do cumprimento da lei.
O PCP, no respeito pela autonomia do poder local democrático, entende que a Assembleia da República
não se deve ingerir nas decisões tomadas pelos órgãos autárquicos e, quando haja questões de legalidade
que se coloquem, cabe às entidades competentes pronunciarem-se.
Em segundo lugar, rejeitamos a perspetiva subjacente às opções políticas de PS, PSD e CDS quanto ao
modelo de financiamento das autarquias, substituindo a participação das autarquias nos impostos do Estado
por uma política fiscal local, com taxas e impostos locais que são fixados às populações. Esta conceção
contraria o princípio constitucional da justa repartição entre os recursos públicos, entre a administração central
e local.
A asfixia financeira a que sucessivos governos têm votado as autarquias, e muito agravada pelo atual
Governo, empurra-as para a obtenção de receitas, assentes numa fiscalidade local.
Um terceiro aspeto, quanto ao objeto concreto desta petição, reiteramos a nossa oposição à criação da
taxa municipal de proteção civil, posição, aliás, que assumimos nos órgãos autárquicos de Portimão.
O PCP apresentou inclusivamente uma proposta de revogação do regulamento que cria a taxa municipal
de proteção civil na Câmara Municipal de Portimão, por constituir mais uma penalização sobre a população.
Para terminar, queria fazer ainda uma referência à Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território e
Poder Local que, quando aprovou o relatório final desta petição, de que eu própria fui relatora, solicitou que
fosse dado conhecimento desta petição à Inspeção-Geral de Finanças e à Direção-Geral das Autarquias
Locais.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Freitas, para uma intervenção.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Sobre este debate queríamos isolar
duas questões, por um lado, a petição sobre procedimentos na criação de uma taxa de proteção civil num
determinado município e, por outro, o projeto de lei do Bloco de Esquerda, que procura alterar aquilo que é o
regime da criação de taxas municipais.
Sobre a petição e o seu teor, o que queremos dizer é que a Assembleia da República não é competente
para se pronunciar, porque, naturalmente, a criação de taxas municipais faz parte da autonomia do poder local
e é, portanto, nesse fórum que devem ser colocadas todas as avaliações, todas as reclamações e a resolução
deste problema. Há lugares próprios para isso e não é a Assembleia da República.