I SÉRIE — NÚMERO 98
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Inclusivamente, a própria Presidente da Câmara Municipal de Portimão assinalou a circunstância de ter
toda a colaboração da parte do Governo, quer no que respeita ao Programa de Apoio à Economia Local
(PAEL), quer no que respeita ao Fundo de Apoio Municipal.
Querer, nessa sanha que o Partido Comunista sempre tem, reconduzir qualquer responsabilidade para o
Governo não é, em nosso entender, mais do que cegueira política e ideológica e não uma simples vontade de
assinalar que essas decisões decorrem da liberdade das tomadas de posição da Câmara Municipal de
Portimão.
Em relação à iniciativa legislativa do Bloco de Esquerda, entendemos que há aspetos que são, obviamente,
controversos — e a sua intervenção, Sr.ª Deputada Helena Pinto, realça esse aspeto —, que têm de ser
dirimidos e que exigem uma ponderação mais aprofundada sobre esta matéria.
Reconhecemo-nos naquele que foi o apelo do CDS-PP no sentido da baixa à comissão desta matéria pelo
prazo de 15 dias, podendo auscultar a Associação Nacional de Municípios Portugueses, para termos uma
visão estruturada, integrada, uma visão que robusteça as garantias dos cidadãos e, ao mesmo tempo, que
assegure que não há abusos, deste ponto de vista. Isto porque, no fundo, aquilo que pretendemos, de certa
maneira, é uma clarificação que é importante, porque é essa clarificação que pode fortalecer essas garantias
dos cidadãos, mas ao mesmo tempo pode também assegurar que os objetivos que unem esta Câmara sejam
atingidos.
Aplausos do PSD.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos, para uma intervenção.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Muito brevemente, quero dizer que
nos opusemos a esta taxa, e opomo-nos à taxa municipal de proteção civil em Portimão como nos opomos, de
uma forma geral, às taxas que são criadas, nomeadamente estas de proteção civil, no sentido de onerar ainda
mais as populações.
Este é um caminho que tem de ser aqui discutido, muito embora o PSD o queira rejeitar, e percebemos
perfeitamente porquê. A verdade é que sucessivos governos — e aqui as responsabilidades têm de ser
partilhadas entre PS, PSD e CDS-PP — foram reduzindo a participação das autarquias nos recursos públicos.
Esta é a verdade! Empurraram as autarquias para um modelo de financiamento assente na fiscalidade local e
qual é a consequência? Onerar as populações.
E é este modelo concetual que não podemos acompanhar, porque obviamente introduziu inúmeras
dificuldades aos municípios. Não podemos esquecer os cortes orçamentais em cada orçamento e não
podemos esquecer as opções políticas deste Governo que encaminharam e empurraram as autarquias para
soluções que, efetivamente, só penalizam os cidadãos, ainda mais num momento de extremas dificuldades
para as famílias.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto, para uma intervenção.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Chegando ao final deste debate, que
reputamos de um debate importante, queríamos deixar claras apenas duas ou três questões.
Usando as palavras do Sr. Deputado Miguel Freitas, vamos isolar aqui algumas questões. O primeiro
problema diz respeito à autonomia do poder local. A autonomia do poder local nunca aqui esteve em causa.
Aliás, na minha intervenção inicial, fiz questão de explicitar que, para além de respeitarmos, como é óbvio, a
autonomia do poder local, a Assembleia da República não se deveria esquivar àquilo que mais de 4000
cidadãos e cidadãs nos trouxeram através de uma petição e deveria responder com responsabilidade.
E qual é a nossa responsabilidade? Sr.as
e Srs. Deputados, é atuar sobre aquilo que nos diz respeito, é
atuar em relação ao regime geral das taxas, que é competência desta Assembleia.