I SÉRIE — NÚMERO 98
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Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Quero também começar
por saudar a Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Secundária da Maia, que aqui se faz
representar e que subscreve esta petição que agora estamos a discutir na Assembleia da República, que se
prende, fundamentalmente, com a falta de auxiliares de ação educativa ou de assistentes operacionais.
Sr.as
e Srs. Deputados, estive a ouvir com atenção as intervenções que aqui foram proferidas — e não só,
também outras, quando, noutras circunstâncias, já discutimos em matéria de educação — e verifico que temos
aqui um profundo problema. É que a maioria PSD/CDS entende a educação e todos os gastos que se fazem
na educação como uma despesa que o País tem, enquanto nós consideramos que esses gastos que se fazem
com a educação são um investimento que o País faz, no seu futuro, no seu presente e com vista ao
desenvolvimento.
Ora, com estes parâmetros de entendimento tão distanciados, despesa/investimento, não podemos ter a
mesma visão sobre a educação. Foi por isso que, no debate anterior, o CDS e o PSD vieram dizer-nos que
essa coisa de emagrecer o financiamento, o investimento, não interfere nada com a qualidade do ensino.
Interfere!
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Não ouvi ninguém dizer isso!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Os senhores dizem que não interfere porque têm uma ambição
muito curtinha, na luta pela qualidade, na formação da qualidade do ensino. E, como essa ambição é muito
curtinha, procuram também encurtar muito o investimento e o financiamento relativamente à escola pública
portuguesa. Isto é muito triste, porque a falta não é de dinheiro, Sr.as
e Srs. Deputados!
É que nós sabemos — vemos aqui, na Assembleia da República, discutimos tanto isso e os portugueses
também já estão acordados para a matéria — que existe dinheiro no País, só que ele é mal distribuído, é mal
canalizado. Em vez de ir tanto para o sistema financeiro, poderia vir um bocadinho para o sistema de ensino,
que não fazia mal nenhum.
Os senhores, em vez de cortarem tanto nas funções sociais do Estado, que interessam tanto aos
portugueses e ao desenvolvimento do País, escusavam de dar tanto aos bancos, ao sistema financeiro e aos
grandes grupos económicos. Só com os benefícios fiscais que os senhores dão a estes grandes grupos, só
isso, vejam bem o que já eram capazes de financiar ao nível do sistema de ensino!
E, depois, claro, temos este problema concreto, que é o da falta de segurança nas próprias escolas e do
acompanhamento que é necessário dar às nossas crianças e aos nossos jovens, designadamente com
pessoal docente, mas também com pessoal não docente, que é fundamental nas escolas.
As escolas não funcionam sem que toda a equipa da comunidade educativa esteja a funcionar. Por isso,
são também importantes equipas multidisciplinares, por isso temos trazido aqui o problema da necessidade de
mais psicólogos nas escolas, de mais assistentes operacionais, da não desqualificação das escolas com a
saída de tantos professores. Os senhores só pensam em aumentar o número de alunos por turma e
emagrecer tudo o resto, à volta.
Sr.as
e Srs. Deputados, não está bem! Não está bem e, de facto, nós precisamos de outra visão nas nossas
escolas.
Depois, os Srs. Deputados vêm aqui dizer o seguinte: «Ah, mas nós já alterámos a portaria, o rácio já foi
alterado». E pergunto: mas os senhores estão a querer enganar quem?! Se hoje estamos aqui a falar do
ensino secundário, os senhores estão a falar do 1.º ciclo! Os senhores é que têm um discurso altamente
demagógico, e não pode ser! Temos de falar com verdade e seriedade: não alteraram rigorosamente nada!
Continuam a emagrecer recursos fundamentais nas escolas, entre os quais os assistentes operacionais, e não
pode ser! Não podem vir aqui dizer que alteraram o rácio, porque não alteraram!
Para terminar, Sr.ª Presidente,…