I SÉRIE — NÚMERO 108
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Saíram do País para fugir ao desemprego, à precariedade e à pobreza, saíram
não por opção mas por necessidade, Sr. Primeiro-Ministro! Saíram porque o Governo lhes virou as costas e
lhes negou o futuro no seu próprio País. E aos que ficaram, o Governo negou também o futuro, empurrou-os
para contratos de trabalho temporários, para falsos recibos verdes, para estágios, para estágios não
remunerados, para formações e contratos de emprego-inserção, promovendo o trabalho gratuito e não
remunerado, sem qualquer perspetiva de estabilidade.
Sr. Primeiro-Ministro, os jovens não esquecem que este Governo lhes quis destruir os sonhos. Os jovens
não esquecem que foram sujeitos à precariedade e à emigração, e vão responsabilizá-lo por isso.
Os jovens sabem, querem e têm direito a serem felizes no seu País. Os jovens vão continuar a lutar pelos
seus direitos, pela derrota deste Governo e desta política, vão continuar a lutar contra falsas ilusões, contra
esta política que querem perpetuar, porque têm direito a serem felizes no seu País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete João.
A Sr.ª Odete João (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor continua a mentir e a realidade
desmente-o.
Aplausos do PS.
Nos primeiros quatro anos, famílias inteiras emigraram. Há comunidades, no distrito de Leiria, cujas
escolas perderam 25% dos seus alunos. Aos agregados familiares emigrados juntam-se jovens qualificados,
para os quais o Governo não quis, ou não foi capaz, de promover políticas públicas de integração no tecido
económico, e até lhes pediu para que saíssem da sua zona de conforto e emigrassem.
Aplausos do PS.
Pela mão deste Governo, o desemprego, a precariedade, a impossibilidade de carreiras profissionais e de
famílias estáveis conduziu à quase duplicação da emigração permanente dos jovens. O Sr. Primeiro-Ministro
empobreceu o País!
Este é um Governo que abdica do conhecimento, da ciência, da tecnologia. Este é um País que perde,
diariamente, os seus melhores recursos, as pessoas. Este é, Sr. Primeiro-Ministro, o estado lastimoso em que
deixa a Nação.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, como anunciei, com as alterações da inscrição para pedir
esclarecimentos, conclui-se aqui este primeiro bloco de pedido de esclarecimentos.
Dou, agora, a palavra ao Sr. Primeiro-Ministro, para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, tentarei ser tão breve quanto possível nas respostas, dizendo,
desde já, porque essa foi uma constante de muitas perguntas, que não tenho nenhum problema de
interpretação da realidade. E essa é a razão por que, debate após debate, tenho aqui insistido na dimensão
dos problemas que ainda temos para resolver.
Nunca ninguém me ouviu dizer que não havia problemas com a distribuição da riqueza, com o
desemprego, com a necessidade de oferecer aos mais jovens oportunidades mais concretas de progressão
ou, mesmo, esconder o esforço que ainda temos de realizar para podermos manter a nossa avaliação de
risco, quando olhamos para os cidadãos e para os investidores, dentro de valores que possam comparar
competitivamente com outras nações desenvolvidas. Pelo contrário!