9 DE JULHO DE 2015
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… mas não poderá continuar a mentir.
Queria sublinhar um aspeto fundamental para as desigualdades, que é a área da educação. Também aqui,
quatro exemplos muito claros são demonstrativos deste legado: tínhamos 100% de escola a tempo inteiro,
hoje, temos 100% de abandono, num recuo terrível da escola pública, que era uma marca da qualidade da
educação em Portugal; a oferta da formação para adultos registou uma perda de 160 000 adultos, em quatro
anos de governação do atual Governo; no ensino superior público, de 102 000 estudantes que tínhamos
inscritos no ensino superior, hoje, temos apenas 87 000, recuando, mais uma vez, na capacidade de
robustecer a formação superior; finalmente, Sr. Primeiro-Ministro, na investigação científica, há 65% de quebra
nas bolsas e a devastação dos centros de investigação. Tudo isto, Sr. Primeiro-Ministro, ao fim de quatro
anos!
Não vale a pena fingir que estes quatro anos não existiram. Os portugueses, os pais, os professores, os
estudantes e os investigadores lembram-se, não se vão esquecer, sabem o que lhes foi dito e sabem o que
querem. A página vai virar, Sr. Primeiro-Ministro!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para formular as suas perguntas, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Miguel
Santos.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, falar do estado da Nação é debater
também o estado da saúde em Portugal, como pilar fundamental do regime democrático e como valor
primordial para o bem-estar dos portugueses.
A pergunta que cabe aqui formular é esta: o que é que aconteceu com a saúde em Portugal nos últimos
quatro anos? E a resposta podemos encontrá-la pelos Deputados do PSD, do CDS, do Partido Socialista e
dos outros partidos da oposição. Mas podemos também encontrá-la nos relatórios técnicos e nos relatórios
independentes, como é o caso do relatório ontem divulgado pela Direção-Geral de Saúde, A Saúde dos
Portugueses. Perspetiva 2015, um relatório oficial e formal, técnico, em que se reconhece, muito claramente,
que, na última década, mantém-se a tendência positiva dos principais indicadores de saúde em todas as fases
da vida e que o nível de saúde dos cidadãos tem apresentado ganhos ano após ano.
Mas podemos ver também o relatório de maio de 2015 da OCDE, cuja conclusão refere que o sistema de
saúde português respondeu bem às pressões financeiras dos últimos anos, equilibrando com sucesso as
prioridades da consolidação financeira e a melhoria contínua da qualidade. Mais: mesmo nos anos
subsequentes à crise financeira, foram desenvolvidos esforços ambiciosos de melhoria da qualidade.
Podemos ver, ainda, o relatório da Fundação Calouste Gulbenkian, Um Futuro para a Saúde — Todos
temos um papel a desempenhar, em que se reconhece que, apesar das grandes pressões, o sistema de
saúde tem demonstrado ser extraordinariamente resiliente, mantendo os seus serviços e padrões; ou, ainda, o
Global AgeWatch Index, que coloca Portugal no 23.º lugar, em 96 países, no acesso à saúde, concluindo que
o SNS é um pilar forte, que garante cuidados de saúde de qualidade aos portugueses.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Gostava de o ouvir dizer isso numa fila das urgências!
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Podemos ver a atividade assistencial, as unidades de saúde familiar (USF)
que foram abertas, os cuidados continuados, os sete novos hospitais, a política do medicamento, com a qual
os portugueses pagam o preço mais baixo de sempre pelos medicamentos, a quota dos genéricos aumentou
para 50%, quando estava em 36%, em 2011, chegámos a 6 milhões de isentos de taxas moderadoras ou ao
aumento líquido de 2500 médicos no Serviço Nacional de Saúde.
Mas o que é extraordinário é verificar qual foi o ponto de partida para estes quatro anos. E o ponto de
partida, em 2011, foi um Serviço Nacional de Saúde preso a uma dívida de 3200 milhões de euros, que
gerava, todos os anos, 400 milhões de défice e que se libertou efetivamente, pagando dívidas, saldando
dívidas de 1923 milhões de euros. Na altura, havia empresas que tinham cortado o fornecimento aos
hospitais!…