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I SÉRIE — NÚMERO 108

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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputado, chegámos à fase de encerramento deste debate sobre o estado da

Nação.

O encerramento será feito pelo Sr. Vice-Primeiro-Ministro, pelo que tem, desde já, a palavra.

O Sr. António Filipe (PCP): — Vai falar do guião da reforma do Estado. Agora é que é!

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro (Paulo Portas): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Começo por

cumprimentar todos e cada um dos membros desta Câmara. Este é o último debate do estado da Nação desta

Legislatura e esta Legislatura foi marcada pela excecionalidade da circunstância financeira e pela consequente

restrição da liberdade nacional.

Não há nada mais ameaçador para uma nação antiga do que o risco da sua independência e não haverá

nada de mais doloroso para uma democracia, apesar de tudo, jovem do que o convívio forçado com um

sindicato de credores estrangeiros, a quem o anterior governo pediu socorro em vésperas de uma insolvência

temível.

Esta excecionalidade convocou cada um de nós e cada um de vós para desafios inabituais e escolhas

dificílimas. Ainda assim, ninguém suspendeu a democracia, o escrutínio fez-se com vivacidade e os

portugueses, como comunidade, souberam evitar confrontos e ruturas como as que vimos acontecer noutros

lugares.

Cada qual, na maioria e na oposição, estará convencido da sua razão, mas não duvido que todos, e cada

um à sua maneira, deram o melhor de si. Aconteceu-nos coletivamente, nesta Legislatura, sermos a geração

do resgaste. Sofremo-lo e vencemo-lo. Pela nossa parte, permanecemos leais a uma ideia de Portugal que

nos trouxe aqui em 2011. Três vezes em democracia vimos troicas e resgates no nosso País. Que 2011 tenha

definitivamente sido a última vez!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A boa notícia é a de que parece haver condições para nunca mais nos pormos a jeito. Por isso, pode ser de

utilidade recordar aqui a emenda que um célebre alemão fez quanto ao facto de a História se repetir: «A

primeira vez, como tragédia, e a segunda, como farsa». No que de nós depender, a História não se repetirá!

Estamos próximos de uma campanha eleitoral, em que o risco de um certo espírito de fação, como ainda

agora se viu, prevalecer sobre o princípio da razão não é pequeno e em que a tentação de simplificar o que é

complexo não é residual. Mas os políticos devem estar à altura da inteligência dos cidadãos e prestar

homenagem aos sacrifícios que os cidadãos fizeram, porque os fizeram pelo bem comum desta Nação de

todos, que é Portugal.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Foram obrigados a fazer!

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Os portugueses dão valor ao que conseguiram como Pátria.

Os portugueses conhecem o preço da bancarrota e, por isso, dão valor à recuperação.

Os portugueses veem, ouvem e leem o que se passa noutros países e, por isso, dão valor ao facto de a

situação de Portugal ser completamente diferente.

Os portugueses sabem que o estado da Nação, em 2011, era uma calamidade pública e lembram-se do

ponto abismal a que chegou a reputação de Portugal.

Os portugueses dão valor às etapas que superaram e aos males maiores de que se livraram. O

pessimismo radical de 2011 deu lugar a uma esperança moderada em 2015.

Protestos do PS.

Preservar os sinais dessa esperança é o mais prudente, consolidá-los, diria, é o mais importante.