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9 DE JULHO DE 2015

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Se aplicarmos um módico rigor intelectual aos nossos debates, reconheceremos o essencial: Portugal

conseguiu, em menos de quatro anos, terminar o seu programa com a troica no primeiro momento possível;

não pedimos mais dinheiro nem solicitámos mais tempo; tivemos uma saída limpa, não houve segundo

resgate nem, sequer, programa cautelar; este ano, o défice será inferior a 3%, quando o que recebemos era

superior a 10%;…

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Vai para 6%!

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — … beneficiaremos, por isso, do acesso às regras de flexibilidade, tantas

vezes mencionadas, mas só concedidas aos países confiáveis; antecipámos o reembolso ao FMI, porque

podemos poupar nos juros imoderadamente altos que foram negociados em 2011; e, acima de tudo, a

economia cresce acima da média euro, a confiança está nos seus melhores níveis desde 2002 (consumidores)

e desde 2008 (empresários), o investimento recupera, as exportações sobem e a criação de emprego

melhorou. Não é pouca coisa, é um imenso esforço, significa nem mais nem menos do que um merecido

passaporte para tempos bem diferentes e de outra qualidade, na vida do País e na vida das pessoas.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

É este o momento para fazer duas reflexões políticas.

Ao longo deste caminho, do protetorado à soberania partilhada e da recessão ao crescimento, houve

quem, nesta Câmara, proclamasse que havia outra estratégia e houve quem, também aqui, dissesse que

havia outra política.

A Sr.ª Elza Pais (PS): — E há!

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Com todo o respeito, ambas as teses são refutadas pelos factos.

O Partido Socialista enganou-se quando sugeriu a inevitabilidade de um segundo resgate. Não precisámos!

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — O Sr. Primeiro-Ministro também o sugeriu!

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Enganou-se quando propôs que pedíssemos mais tempo e mais dinheiro.

Se o tivéssemos feito, a troica ainda hoje estaria em Portugal e a nossa dependência dela seria mais cara e

mais longa.

Enganou-se quando sugeriu como desejo, e não mera opção, uma saída cautelar. Como ninguém sabe o

que isso seja, ninguém pode garantir o que isso provocaria, exceto a certeza de que a margem de manobra

seria menor.

Enganou-se, por fim, quando não soube analisar os sinais de retoma e parece realmente pouco à vontade

com a sua evidência, como se o bem comum, o bem geral e o bem de todos causasse incómodo ou

desconforto.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Na origem da crise, o PS tem uma responsabilidade sobre a qual nunca refletiu nem quis retificar. Na

estratégia para sair do ajustamento, o Governo revelou estar basicamente certo e o maior partido da oposição

revelou estar basicamente errado.

Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Há outro campo neste Parlamento: os que defendem que Portugal deve

sair do euro, coisa que — note-se! — nem os gregos desejam.

Reconheço, como já fiz várias vezes, a coerência concetual do Partido Comunista nessa posição. É

verdade que o euro tem regras e, por isso, ficando no euro, para mais com um programa negociado à beira da