22 DE SETEMBRO DE 2016
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pelo Governo PSD/CDS, que fixa como limite para o vencimento de um gestor público o valor recebido pelo
próprio na média dos últimos três anos em exercício.
Ora, o Governo PS legislou no sentido de não aplicar esse valor como limite aos administradores da Caixa e
o PCP, como deixou sempre claro, também não apoia, nem aceita, essa opção. Este debate pode, pois, constituir
uma oportunidade para fixar limites salariais aos gestores públicos e aos gestores privados, mas também pode
ser utilizado apenas como uma manobra política, um número do PSD e do CDS, que, limitando-se à demagogia
sobre o assunto, procuram atingir a Caixa Geral de Depósitos em pleno processo de recapitalização.
Se PSD e CDS querem limitar-se a revogar o decreto-lei do Governo, deixando tudo como estava antes, fica
claro que pretendem apenas esse segundo objetivo, usar a demagogia como instrumento político, permitindo
que os rendimentos do trabalho continuem a ser distribuídos de forma profundamente assimétrica, que os
gestores públicos continuem a receber salários que são obscenos quando comparados com os dos
trabalhadores que dirigem. Se, pelo contrário, os vários grupos parlamentares estiverem disponíveis para
aprovar as propostas apresentadas pelo PCP para aplicar limitações aos vencimentos quer no público quer no
privado, para indexar as remunerações ao salário de Primeiro-Ministro e para contribuir para uma redução real
das assimetrias salariais, então, o debate de hoje pode resultar numa melhoria das condições de vida dos
trabalhadores em geral.
Se podemos compreender que PSD e CDS continuem a pretender agravar as desigualdades salariais, não
podemos aceitar, todavia, que o Governo venha libertar de limites legais os vencimentos dos administradores
da Caixa num momento em que todos os restantes trabalhadores estão sujeitos a fortes limitações e cortes
salariais.
O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — A simples revogação do decreto-lei não resolve, porém, o problema de maneira
nenhuma, a resposta tem de ser, pois, a de aprovar as propostas que o PCP aqui traz, limitar os vencimentos,
distribuir mais justamente a riqueza produzida e disciplinar a política salarial do Estado e das entidades privadas.
Aplausos do PCP e de Deputados do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira, do Grupo
Parlamentar do PS.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Assistimos
aqui a duas intervenções, do CDS e do PSD, absolutamente demagógicas, pois demonstraram um oportunismo
absolutamente inadmissível…
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
O Sr. Carlos Pereira (PS): — … na situação em que o País está e, sobretudo, na situação em que os
senhores deixaram a Caixa Geral de Depósitos, e que o Partido Socialista tem de resolver.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
A alteração ao Estatuto do Gestor Público, feita pelo Partido Socialista, introduziu uma particularidade para
a Caixa Geral de Depósitos, mas não deixa de ser curioso que os senhores, entre 2014 e 2015, tenham
introduzido, pelo menos, três alterações, três exceções a esta situação de limite ao gestor público.
Srs. Deputados, só para lembrar, refiro que os senhores introduziram uma exceção à IFD (Instituição
Financeira de Desenvolvimento, SA), introduzindo a possibilidade poderem auferir mais do que o teto definido
na vossa própria lei; os senhores introduziram uma alteração na Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida
Pública, permitindo que os gestores tivessem remunerações superiores ao limite que os senhores
estabeleceram;…