I SÉRIE — NÚMERO 11
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Mas vamos falar, então, do dia a dia e comecemos pelo setor dos transportes, um setor bandeira deste novo
Governo das esquerdas. No início tudo eram facilidades, reversões e regresso ao passado em visão acelerada.
No entanto, rapidamente, os cidadãos perceberam que aquilo que era o paraíso ideológico das esquerdas mais
radicais é, na realidade, o inferno que diariamente muitos cidadãos enfrentam, sobretudo no Porto e em Lisboa.
É o caso, por exemplo, das filas intermináveis em algumas paragens para apanhar autocarros e comboios
sempre atrasados e cheios. Isto, quando passam e não foram, por alguma razão, interrompidos ou não vão
passar naquele dia.
É também o caso da situação perfeitamente inacreditável dos bilhetes de metro, com milhares de pessoas
sem conseguirem adquirir um bilhete.
O Sr. Ministro da tutela diz — imagine-se —, com algum espanto, que foi um azar. Sr. Ministro, a isto eu
chamo escolha e incompetência. Azar parece-me a pior palavra para descrever este inferno diário por que
passam muitos lisboetas.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Só no primeiro semestre deste ano houve 4500 queixas sobre os transportes públicos, 25 queixas por dia.
Quanto aos hospitais, temos o famoso despacho de centralização que torna impossível em qualquer hospital
fazer uma aquisição de investimento, que pode ser, por exemplo, reparar uma máquina de exames que se
avariou ou até adquirir medicamentos sem autorização do Ministro e da tutela, já para não falar dos pagamentos
em atraso de 262 milhões de euros.
Quando é que os Srs. Deputados, que tanto falam em reposição de rendimentos, perceberão que ter
pagamentos em atraso de 262 milhões de euros é fazer, a prazo, um corte de 262 milhões de euros nos
rendimentos dos trabalhadores destas empresas? Eles também têm direitos!
Aplausos do CDS-PP.
Mas não ficam por aqui os exemplos concretos da realidade dos cortes. Também esta política chegou às
escolas e, aparente e infelizmente, chegou para ficar. Foi preciso esperar sete meses, já com o ano escolar em
funcionamento, e haver escolas encerradas ou a ameaçar encerramento para que fossem desbloqueados os
concursos para funcionários não docentes. Aparentemente terão sido, mas em número muito insuficiente.
O problema está longe de estar resolvido e temos sido confrontados com anúncios de escolas que encerram,
como foi o caso da EB1 António Nobre, no Agrupamento de Escolas das Laranjeiras, e abrem em condições
precárias recorrendo a auxiliares, no caso, de um jardim de infância.
Também no ensino superior, várias vezes já ouvimos falar dos problemas que a cativação de 44 milhões de
euros para as universidades causou a várias instituições.
Lembro-me de, antigamente, ouvir protestos muito inflamados sobre o arranque do ano escolar e sobre a
insensibilidade social do Governo. Não sei como é que o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda chamarão agora a
isto, se chamarão sensibilidade social ou cuidado com os serviços públicos. Se calhar, chamam-lhe aposta no
serviço público. Srs. Deputados, isto não são apostas, isto, em bom português, são cortes e são dificuldades de
funcionamento por falta, pura e simples, de dinheiro.
Aplausos do CDS-PP.
Também na segurança, a onda de cortes chegou: do concurso que estava aprovado para formação de 800
novos polícias, 500 ficaram de fora, o Governo só aprovou 300. Isto para não falar nos milhares de pré-
aposentações que continuam na gaveta à espera de autorização, dizendo a Sr.ª Ministra «isso não é comigo, é
com o Sr. Ministro das Finanças». Suponho que isto também é sensibilidade social e cuidado com as áreas de
soberania.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Certamente que nunca negamos os
sacrifícios que os portugueses tiveram de fazer nos últimos anos, sobretudo durante o período da troica.
É precisamente por isso que nós apostamos em políticas cautelosas, seguras, que não comprometam o
futuro e que não deixem Portugal voltar a passar por isso. Mas aquilo que certamente nunca, jamais, aceitaremos