13 DE OUTUBRO DE 2016
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Mas passemos para a saúde: de 2011 a 2014, menos 1500 milhões de euros de investimentos. Temos a
OCDE e o Observatório Português dos Sistemas de Saúde a dizer que os cortes no Serviço Nacional de Saúde
foram muito para além daquilo que era o exigido pela troica. Temos aumento de taxas moderadoras. Temos o
fim do apoio aos transportes para doentes não urgentes. Temos precariedade e falta de meios ao longo de
quatro anos. O que é que o CDS veio dizer durante os últimos quatro anos? Zero! Nada! Não fez outra coisa
que não negar os problemas no Serviço Nacional de Saúde.
Passemos para os transportes: mais 15% no preço dos transportes; ataque à qualidade; diminuição do
número de carruagens; diminuição do número de carreiras. Sérgio Monteiro foi, na verdade, o coveiro do serviço
nacional de transportes, em Portugal, e, em particular, do serviço de transportes em Lisboa.
Aplausos do BE.
E o Sr. Deputado Leitão Amaro só está hoje impressionado com as filas na Carris porque não andava de
transportes há um ano. É que as mesmas filas já lá estavam e foram causadas pelo Secretário de Estado Sérgio
Monteiro. É preciso ter a noção disto!
Aplausos do BE.
Protestos do PSD.
Mas podemos continuar: balcões de finanças encerrados por todo o País; balcões da segurança social
concessionados a entidades privadas ou para-privadas; tribunais encerrados por todo o País; e, acima de tudo,
uma realidade que o PSD e o CDS ignoram: é que não há serviços públicos sem valorizar os funcionários
públicos. E o maior ataque que o PSD e o CDS fizeram foi aos funcionários públicos, obrigando-os a trabalhar
mais horas pelo mesmo salário, cortando o seu salário e criando uma batalha ideológica contra os funcionários
públicos, em Portugal.
Por isso, sim, quando esta maioria voltou às 35 horas de trabalho, quando esta maioria eliminou os cortes
no salário dos funcionários públicos, quando esta maioria valorizou os funcionários públicos e tudo aquilo que
deram pelo País, estava também a valorizar o serviço público. Esta é uma realidade que a direita nunca, nunca
irá compreender, por aquilo que fez no passado.
Protestos do Deputado do PSD Hugo Lopes Soares.
Por isso, Srs. Deputados, não podemos ter esta discussão sobre serviços públicos com seriedade sem
valorizar o ponto de partida. O ponto de partida é o brutal ataque ao serviço público feito pela direita. E o ataque
ao serviço público é um ataque orçamental, mas, mais do que isso, é um ataque ideológico.
É um ataque ideológico quando a direita substituiu a emancipação pelo assistencialismo, quando substituiu
a universalidade pela escolha, sendo que a escolha não é mais do que deixar o serviço público para os pobres
e deixar os ricos escolher o serviço privado.
É também um ataque ideológico, quando substituiu a solidariedade por caridade, quando se admitiu a
reintrodução da Igreja na prestação de serviços básicos do Estado e quando se entregou hospitais às
misericórdias.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Por isso, Srs. Deputados, se o título deste debate fala em agenda da esquerda para os serviços públicos —
e já lá vamos à agenda da esquerda —, acho que era muito bom para a democracia, era muito bom para a
Assembleia da República se a direita, em particular o CDS, assumisse sem medos a sua própria agenda
ideológica para o serviço público. É que a sua agenda ideológica é o contrário da universalidade e da gratuitidade
de serviços públicos que a Constituição da República Portuguesa consagra. É o contrário! O CDS tem uma
agenda ideológica contrária a estes princípios e valorizaria muito o debate se admitisse essa agenda ideológica.
Podemos agora falar também da agenda da esquerda. Eu não posso falar por toda a esquerda,…