I SÉRIE — NÚMERO 13
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A Sr.ª Catarina Martins (BE): — De facto, o processo de sanções em curso é sobre os Orçamentos do
Estado de Governos do PSD e do CDS e não sobre o Orçamento do Estado para 2017.
Uma Assembleia da República que se leva a sério tem de recusar começar o processo de debate do
Orçamento do Estado para 2017 com base em chantagens que estão baseadas numa mentira. Recusar essa
mentira é a primeira fase para começarmos bem um processo de negociação do Orçamento do Estado.
Aplausos do BE.
Hoje é, seguramente, um dia muito importante. Para o Bloco de Esquerda, o Orçamento do Estado para 2017
tem de ter uma marca importante, tem de ser um passo em frente em relação ao que já conseguimos em 2016.
Temos tido muitas diferenças, seguramente continuamos a ter e estou certa de que, no processo de
especialidade do Orçamento do Estado, ficará muito claro onde concordamos e onde discordamos. Mas, para
nós, é essencial que se dê, no Orçamento do Estado para 2017, um passo pela justiça.
Em 2016, começámos a recuperação de rendimentos, e foi importante, importantíssimo. Mas nós temos um
País desigual demais, injusto demais, em que muita gente fica esquecida nessa reposição/recuperação de
rendimentos.
O Bloco de Esquerda tem chamado a atenção para o facto de os pensionistas serem aqueles que menos
têm visto qualquer recuperação de rendimentos. É preciso dizer, é claro, que em 2016 os pensionistas ficaram
esquecidos.
Por outro lado, temos defendido que todas as pensões têm de ser atualizadas e que, naquelas pensões em
que a atualização, por via da inflação, fica muito abaixo dos 10 €, é preciso um aumento extraordinário para que
se chegue aos 10 €. Devemos conseguir isso não com sacrifício sobre quem trabalha, mas pedindo a quem não
tem participado do esforço conjunto, porque nós, no Bloco, não esquecemos que nos anos em que mais
rendimento foi perdido nos salários e nas pensões, nos anos de Governo PSD/CDS, em que tanto empobreceu
quem trabalha e quem trabalhou toda uma vida, os milionários não pararam de crescer.
O Sr. José Luís Pureza (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Precisamos, pois, de fazer justiça.
Temos trabalhado em conjunto, com diferenças, mas, julgo, com passos de convergência importantes. Para
o Bloco de Esquerda, é extraordinariamente importante a ideia de que é possível tributar as fortunas imobiliárias
para com isso se conseguir aumentar as pensões.
Nós orgulhamo-nos de um caminho que seja de justiça, de recuperação de rendimentos e de cumprimento
da Constituição, que é uma coisa que durante muito tempo ninguém achou importante.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — O artigo 104.º da Constituição, no seu n.º 3, diz que a tributação do
património deve contribuir para a igualdade entre os cidadãos.
A pergunta que lhe faço é no sentido de saber se concorda com o Bloco de Esquerda de que esse esforço
adicional ao 1% das pessoas que não têm feito esforço nenhum, esse esforço de tributar as grandes fortunas
imobiliárias deve ser dedicado à segurança social, precisamente para se conseguir essa conquista de igualdade
que é o reforço das pensões.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, começou por sublinhar um ponto
interessante.