15 DE OUTUBRO DE 2016
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O Estado começou a dar o exemplo — e deve-o fazer — com o levantamento que está a fazer dos falsos
estágios de integração, começou a dar o exemplo com um novo regime relativamente aos bolseiros de
mestrados e doutorados, que era uma forma de precarização da relação no seio do ensino superior. Sabemos
bem que temos de prosseguir esta trajetória no Orçamento, mas também fora do Orçamento, porque, como diria
um antigo Presidente da República, «há mais vida para além do Orçamento». E, nessa vida para além do
Orçamento, é essencial atacar a precariedade.
No ano anterior a ser Primeiro-Ministro, tive oportunidade de falar diretamente com muitos dos jovens que
emigraram de Portugal nos últimos quatro anos. Participei com grupos deles em várias sessões, umas
pessoalmente, outras via Skype, e aquilo que mais me impressionou foi que a generalidade tinha emigrado não
por não ter encontrado ocupação remunerada em Portugal, mas porque não tinha encontrado em Portugal um
mínimo de emprego com qualidade, com dignidade,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — … um mínimo de emprego que lhes assegurasse perspetivas de futuro. E
perdermos essa geração é empobrecermos o nosso potencial de crescimento. Se queremos fixar os talentos
que formamos, se queremos recuperar os talentos que emigraram, temos de ter um mercado de trabalho que
gere não só emprego, mas emprego de qualidade, emprego digno, emprego estável, porque é desse emprego
que precisamos para desenvolver o nosso País.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Por isso, Sr.ª Deputada, no Orçamento e para além do Orçamento esse será,
certamente, um combate que travaremos em conjunto.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, antes de passarmos aos temas
de hoje, e porque fiquei bastante impressionada no último debate quinzenal com os gráficos que nos mostrou,
que não tinham boa legibilidade, certamente também afetados pelas cativações, e que, além do mais, não
correspondiam à realidade, trouxe-lhe um presente que pode usar e pôr no seu gabinete — tive o cuidado de
colocar uma fita cor-de-rosa em homenagem ao seu Governo — para lhe mostrar o que é a variação homóloga.
São três gráficos: o do PIB (produto interno bruto), o do investimento e o das exportações.
Não vou gastar mais tempo, mas dir-lhe-ei que são gráficos deste género para o Sr. Primeiro-Ministro poder
guardar e não gastar dinheiro ao Sr. Ministro das Finanças!
Aplausos do CDS-PP.
São verdadeiros, a fonte é do INE (Instituto Nacional de Estatística).
Neste momento, a oradora fez chegar ao Primeiro-Ministro os gráficos que mencionou.
Sr. Primeiro-Ministro, queria agora fazer-lhe perguntas sobre o dia de hoje e falar-lhe sobre o tempo presente.
A primeira pergunta que queria fazer, porque acho que é hoje a pergunta que todos os portugueses e todas
as empresas fazem, é a seguinte: como vai ser o novo imposto sobre o património? Certamente que me vai
dizer que hoje teremos oportunidade de o conhecer no Orçamento do Estado, mas, já agora, porque está nesta
Casa, e como deferência para com estes parlamentares, perguntava-lhe que empresas apanha e quais as que
ficam de fora. Tenho lido nos jornais que ficam salvaguardados o turismo e a indústria, e eu perguntava-lhe onde
ficam a agricultura, onde ficam os serviços, onde fica o comércio. Estão ou não salvaguardados desse imposto?