I SÉRIE — NÚMERO 13
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ao desenvolvimento das economias mais frágeis. Estes défices cegos implementados não se coadunam com
uma capacidade real de desenvolvimento dos países.
Por isso, Os Verdes consideram que é tempo de esta matéria dos constrangimentos da zona euro deixar de
ser um tabu e passe a ser um ponto fundamental do nosso debate coletivo, e seria fundamental que o País
assumisse que isto nos está a travar de uma forma absolutamente real, a amarrar-nos o futuro — talvez seja a
expressão mais adequada para classificar estas regras da zona euro.
Por outro lado, o País assiste a outra agonia, aqui, internamente, que consiste no facto de a direita, PSD e
CDS, estar a procurar que as pessoas se esqueçam das responsabilidades que tiveram no afundamento do
País. Apagar a memória seria extraordinário para estes partidos. Mas o apelo que Os Verdes fazem é para que
as pessoas se lembrem bem das políticas que alegremente estes partidos desenvolveram na passada
Legislatura e, sobretudo, do enorme aumento de impostos diretos e indiretos, dos brutais cortes nos
rendimentos, quer ao nível dos salários quer ao nível das pensões, e da forma como degradaram os serviços
públicos e a sua capacidade de resposta, só para dar alguns exemplos.
É por isso, Sr. Primeiro-Ministro, que Os Verdes consideram que talvez seja muitíssimo relevante promover
um exercício, que é o de pensar o que estaríamos nós neste momento a discutir caso o PSD e o CDS estivessem
a construir um Orçamento do Estado. Sr. Primeiro-Ministro, julgo que os portugueses têm muita consciência
daquilo que seria, porque os pensionistas continuariam a ser fustigados, porque os funcionários públicos
continuariam a ser fustigados, porque os rendimentos continuariam a ser cortados, porque os impostos se
continuariam a agravar. E bastava a União Europeia acenar com um cenário de sanções e imediatamente
teríamos outro pacote de austeridade apresentado.
A prova disso, Sr. Primeiro-Ministro, é que temos, neste momento, uma direita absolutamente furiosa pelo
facto de se estar a repor rendimentos.
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr.ª Presidente.
O facto de se estar a repor rendimentos deixa esta direita absolutamente furiosa, porque essa não era a sua
agenda.
Sr. Primeiro-Ministro, mesmo para terminar, quero dizer-lhe que Os Verdes consideram absolutamente
relevante a reposição dos rendimentos das famílias, como consideram absolutamente relevante que se dê mais
um passo agora ao nível do investimento.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Portugal precisa de investimento público e de investimento privado
e, nesse sentido, Os Verdes vão apresentar várias propostas ao nível do Orçamento do Estado, designadamente
para as micro, pequenas e médias empresas, com vista a redinamizar o nosso interior, com vista a redinamizar
e a promover a utilização do transporte coletivo, com vista a promover mais conservação da natureza e mais
proteção para as nossas florestas, porque o País não pode parar. Este País tem sede de desenvolvimento!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro (António Costa): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, colocou bem a
questão relativa ao euro. É indiscutível que, nos 30 anos da participação de Portugal na União Europeia, os
primeiros 15 anos foram de forte convergência económica e os segundos 15 anos têm sido de prolongada
estagnação, alternando entre crescimentos bastante medíocres ou épocas de recessão.
Hoje, é reconhecido por todos — ainda ontem o Comissário Moscovici o disse numa entrevista — que o euro
tem fracassado como instrumento de convergência e que, pelo contrário, tem sido um instrumento de
divergência.