15 DE OUTUBRO DE 2016
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Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Mentira!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Os Srs. Deputados gostam imenso da Espanha, e eu também. Graças ao seu
crescimento, as nossas exportações para Espanha subiram neste ano 4%. A verdade é que a criação de
emprego em Espanha não tem acompanhado a criação de emprego em Portugal. Não me cabe a mim julgar os
outros, mas uma coisa digo: quanto aos resultados, temos mais investimento, temos mais emprego, temos
menos desemprego! Sr. Deputado, estes resultados são melhores do que os resultados que alcançou!
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem ainda a palavra o Sr. Deputado Pedro Passos Coelho.
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, realmente é verdade, o senhor
na resposta diz qualquer coisa, mas quando dizemos que não responde é porque dizer qualquer coisa não é
responder. O senhor não responde às perguntas, não sabe responder!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
Ou não sabe ou não quer responder — não sei o que é melhor, no seu lugar. Na verdade, responde-me com
o desemprego. Sr. Primeiro-Ministro, o desemprego não é um indicador avançado da economia, pelo contrário
traz-nos o eco do passado. O desemprego e o emprego trazem-nos o eco do passado, não são uma projeção
para futuro!
O Sr. João Galamba (PS): — Essa é genial!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Quando a economia cresce, isso implicará sempre, para a frente,
mais criação de emprego. Mas a verdade é que a economia está a estagnar, Sr. Primeiro-Ministro! Está a metade
daquilo que o senhor previu, e o senhor não dá uma explicação para isso, porque diz «as exportações estão a
aumentar, o investimento está a aumentar, os motores do crescimento estão a aumentar.» Então, porque é que
a economia não cresce?!
Risos do PSD.
É um mistério, Sr. Primeiro-Ministro! Gostaria de lhe dar a oportunidade — uma terceira oportunidade — de
o senhor responder, se souber, porque não faz sentido que, sabendo, não queira responder.
Há uma segunda pergunta que também lhe queria fazer. Desde que tomou posse como Primeiro-Ministro,
viemos a beneficiar, como todos os outros países da zona euro, da política monetária do Banco Central Europeu.
Mas a verdade é que os restantes países têm tido taxas de juro significativamente mais baixas e têm vindo a
normalizar a sua curva de rendimentos e Portugal tem vindo a divergir deles todos. Nesta altura, tem taxas de
juro a 10 anos cerca de três vezes maiores do que a Espanha, por exemplo, que está aqui ao nosso lado. Havia
uma diferença de 70 pontos base, agora essa diferença é superior a 200 e muitos pontos base, o que quer dizer
que, para se financiar a 10 anos, a Espanha paga a terça parte daquilo que Portugal paga, e nós pagamos três
vezes mais do que a Espanha.