27 DE OUTUBRO DE 2016
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transportes públicos e da procura da privatização. Sr.ª Deputada, essa memória, por mais esforço que faça, não
vai conseguir apagar.
Mas, a seguir, a Sr.ª Deputada remata com uma coisa fantástica, que é saudar as regras do tratado
orçamental, quando essas regras são dos maiores constrangimentos ao desenvolvimento do País.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Mas agora os senhores não apoiam o tratado orçamental?!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não me diga que ainda não tinha descoberto, Sr. Deputado! De
facto, é inacreditável!
Portanto, a Sr.ª Deputada diz agora, na oposição, uma coisa que não fez quando estava no Governo, mas
continua a saudar as regras do tratado orçamental, que são, de facto, um brutal constrangimento ao
desenvolvimento do País. Não há outro qualificativo que não seja o de um brutal descaramento aquilo que a Sr.ª
Deputada hoje teve oportunidade de fazer, procurando que os portugueses apagassem da memória a realidade,
mas nós vamos contribuir para que tal não aconteça.
Julgo que é também fundamental que cada partido diga o que considera sobre o estado da situação e o que
tem feito relativamente à situação. Há défice de funcionamento nos serviços públicos? Evidentemente que sim.
Estamos a trabalhar para que esse défice possa ser ultrapassado? Evidentemente que sim, porque o que
dizíamos quando os senhores eram Governo é o que dizemos e fazemos agora quando os senhores estão na
oposição.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Não! Desengane-se!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O que temos feito junto do Governo — reparem bem se não
encontram alguma semelhança nas palavras que vou dizer com o que dizíamos na altura em que os senhores
eram Governo — é justamente dizer que necessitamos de mais funcionários públicos. Retirar funcionários
públicos significa degradar serviços públicos. Quando dotamos os serviços públicos de meios humanos
necessários, evidentemente que eles funcionam melhor!
Por isso, Os Verdes reclamaram neste Orçamento do Estado — e vamos apresentar essa proposta, na
especialidade — mais vigilantes da natureza.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Não leu o Orçamento. Têm o descaramento de não ter lido a proposta
de Orçamento do Estado!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Andamos permanentemente a discutir o problema dos fogos
florestais, da biodiversidade, das áreas protegidas e da conservação da natureza, pelo que precisamos de mais
vigilantes da natureza.
«Médico de família para todos», «precisamos de mais médicos» — esse era um dos vossos objetivos, e os
senhores não o cumpriram nem o iriam cumprir. Mas nós queremos cumprir, Sr.ª Deputada. E médico de família
para todos implica mais profissionais de saúde.
A redução do número de alunos por turma implica reestruturação das escolas, o que implica, por sua vez,
mais profissionais.
Temos de trabalhar para a qualidade da oferta que os serviços públicos prestam às populações.
Isto não é novidade nenhuma, pois não, Sr.as e Srs. Deputados?
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Não, não é!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Já se silenciaram e perceberam que o que dizemos hoje é o que
dizíamos quando os senhores eram Governo, ao contrário dos senhores, que enrolaram completamente a
conversa e hoje dizem uma coisa diferente da que diziam antes. Pena é que não a tivessem dito nem ouvissem
quando eram Governo.
Sr.as e Srs. Deputados, esta já não sei bem se é do léxico parlamentar, mas é uma grande fantochada!