I SÉRIE — NÚMERO 24
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A Sr.ª SandraCunha (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, não
podemos deixar que vítimas de crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual, de violação, de mutilação
genital feminina, de assédio ou de coação sexual deixem de recorrer à justiça por insuficiência económica. Já
basta o peso que a vergonha e o medo tantas vezes têm na decisão, na maior parte das vezes, de estas
mulheres e meninas recorrerem à justiça para se defenderem.
Trata-se de crimes hediondos que tantas vezes devastam vidas inteiras. É da responsabilidade do Estado e
de todos nós garantir que não serão os constrangimentos financeiros a condicionar a decisão destas vítimas.
O Sr. HeitorSousa (BE): — Muito bem!
A Sr.ª SandraCunha (BE): — A par das vítimas de violência doméstica, de violação, de escravidão e de
tráfico de pessoas, também as vítimas de mutilação genital feminina e de coação sexual têm de estar isentas
de custas processuais.
Aplausos do BE, de Deputados do PS e do PAN.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Pedro Nuno Santos): — Sr. Presidente, Sr.as e
Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista avocou o artigo que previa a verba necessária para
a capitalização da Caixa Geral de Depósitos e que teve apenas um voto contra, que foi do Grupo Parlamentar
do PSD.
Esse voto contra o artigo que prevê a verba necessária para a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos
é revelador do que o Grupo Parlamentar do PSD nunca quis: um processo de capitalização da Caixa Geral de
Depósitos bem-sucedido. Foi sempre esse o sinal que o PSD foi dando ao longo de todo este tempo.
O processo de gestão da capitalização da Caixa Geral de Depósitos não é fácil, é um processo complexo e
que não está isento de momentos menos bons. Isso é verdade! Talvez, aliás, isso explique por que é que a
capitalização da Caixa Geral de Depósitos não tenha sido feita nos devidos termos e com as necessidades de
capital que a Caixa precisava enquanto o PSD governava Portugal. Era um processo difícil e foram empurrando
com a barriga.
Este Governo sabe que é difícil, mas não fugiu à resolução do problema.
Aplausos do PS.
Não há nenhum exercício de distração com a avocação deste artigo. Exercício de distração foi aquele em
que o PSD envolveu o País nos últimos tempos para que não discutíssemos o Orçamento do Estado, um
Orçamento que não interessava ao PSD que fosse discutido.
Aplausos do PS.
Não é à toa que, no preciso momento em que estávamos a iniciar a discussão na especialidade, o líder
parlamentar do PSD tenha decidido fazer declarações públicas, numa conferência de imprensa, sobre a Caixa
Geral de Depósitos.
Protestos do PSD.
Nunca interessou verdadeiramente o debate sobre o Orçamento do Estado para 2017, porque era um debate
— nós sabíamos — difícil para o PSD e para o CDS. Então, o PSD preferiu continuar o esforço de distração que
fez sobre a Caixa Geral de Depósitos desde início.
O PS nunca defendeu nenhum empréstimo a Ricardo Salgado. O Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, que
esteve comigo na Comissão Parlamentar de Inquérito do BES, sabe isso precisamente.