30 DE NOVEMBRO DE 2016
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O PSD não tem feito outra coisa a não ser usar a Caixa como arma de arremesso político contra o Governo.
E isto não é defender a Caixa, não é defender a sua solidez e a sua transparência, é usar a Caixa como arma
de arremesso político.
O Bloco é exigente, não fecha os olhos, exige transparência. Mas também não aceita que o PSD continue a
criar estes números para enfraquecer a Caixa e, assim, prejudicar a sua recapitalização, para conseguir aquilo
que sempre quis, que é a privatização da Caixa. E isso, Sr. Deputado, nós não aceitaremos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, pode parecer difícil compreender estas
posições do PSD e do CDS neste momento em que discutimos a questão da Caixa, porque o descaramento é
tal que, de facto, torna difícil a compreensão.
O CDS diz agora que quer uma Caixa Geral de Depósitos pública e que sempre o disse e sempre o defendeu.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Agora e sempre!
O Sr. MiguelTiago (PCP): — É estranho é que tenha participado num Governo que pretendia a sua
privatização.
Aplausos do PCP.
Se calhar, era uma daquelas linhas vermelhas do CDS ou uma daquelas decisões irrevogáveis tão típicas
do CDS, que, a qualquer momento, estava pronta para ir para o caixote do lixo…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É mentira!
O Sr. MiguelTiago (PCP): — … para participar num Governo com o PSD, que pretendia a privatização da
Caixa e que, aliás, fez uma «recapitalização», interveio na Caixa precisamente para permitir a sua privatização
a longo ou a médio prazo.
Sr. Deputado Leitão Amaro, é estranho que essa sua indignação com a Caixa Geral de Depósitos não tenha
tido nenhuma nota de preocupação na altura em que o seu Governo deu ao BANIF 1100 milhões de euros, sem
explicar aos portugueses porquê e sem os cobrar de volta.
Aplausos do PCP.
O seu Governo entregou ao BANIF 1100 milhões de euros e ninguém se lembra de, nessa altura, o Sr.
Deputado Leitão Amaro ter vindo perguntar: «Esperem lá, mas por que é que o BANIF vai levar do bolso dos
portugueses 1100 milhões de euros de borla?» E também ninguém se lembra de, na altura, o Sr. Deputado
Leitão Amaro ter colocado questões ao Parlamento e ao Governo sobre a situação em que o BANIF se
encontrava e que foi colocada debaixo do tapete para esconder o buraco do BANIF até às eleições. E também
ninguém se lembra da sua indignação, Sr. Deputado, quando tivemos de pagar 4,9 mil milhões de euros para
resgatar o Banco Espírito Santo, agora Novo Banco. Nessa altura, não fizeram todo este alarde em torno da
resolução do BES para tapar os buracos daquele banco.
Portanto, Srs. Deputados, o que importa é que a Caixa Geral de Depósitos seja um banco robusto, sólido,
capaz de cumprir o seu papel na economia portuguesa. E, ao que parece, com a recapitalização aprovada e
concretizada, isso pode vir a ser possível, se a reestruturação for ao encontro desses objetivos.
Os portugueses vão ter um banco público, quer o PSD ou o CDS queiram ou não.
Aplausos do PCP.