23 DE DEZEMBRO DE 2016
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O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Funcionários, Sr.as e Srs. Jornalistas, vamos iniciar a sessão.
Eram 15 horas e 4 minutos.
Peço aos agentes da autoridade para abrirem as galerias.
Srs. Deputados, da nossa ordem de trabalhos de hoje constam três pontos, considerando o das votações.
Em primeiro lugar, vamos realizar o debate quinzenal com o Sr. Primeiro-Ministro, ao abrigo da alínea b) do
n.º 2 do artigo 224.º do Regimento da Assembleia da República.
Quem abre o debate é o Sr. Deputado Luís Montenegro, pelo PSD.
Tem a palavra, para formular as suas perguntas, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, nos últimos dias ficámos a saber que
o Governo tem na gaveta, há cerca de meio ano, um relatório da OCDE sobre o impacto das medidas que foram
tomadas nos últimos anos no mercado laboral.
Não vou perder muito tempo a ilustrar a forma como o Governo tem lidado com a transparência da sua
atuação — creio que este exemplo é mais um a acrescentar a outros que vivemos nos últimos meses — nem a
ilustrar a dificuldade do Governo em sujeitar-se ao escrutínio da sua atividade. Vou ser um bocadinho mais
direto, se me permitir, Sr. Primeiro-Ministro.
É uma evidência que esse relatório ilustra que a economia portuguesa ganhou competitividade e ganhou
condições para recuperar emprego, na decorrência das alterações às leis laborais que foram empreendidas e
que dotaram os agentes económicos de condições mais favoráveis para o investimento.
Sabemos o que pensam o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda sobre este tema, mas não sabemos
exatamente o que pensa o Primeiro-Ministro e, portanto, a minha pergunta é muito simples: o que é que o
Governo e o Sr. Primeiro-Ministro entendem que deve ou não ser feito, em termos de legislação laboral? Há ou
não intenção do Governo em revisitar esta legislação e em poder, eventualmente, revertê-la, como sustentam
os seus parceiros, os seus cúmplices de governação do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda, ou, por
outro lado, o Sr. Primeiro-Ministro reconhece aquilo que este relatório evidencia, que é o efeito positivo na
economia e no emprego daquelas que foram as alterações efetuadas nos últimos anos?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro (António Costa): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, agradeço a sua
pergunta e aproveito para, na sua pessoa, desejar a todas as Deputadas e a todos os Deputados do PPD/PSD
bom Natal e fazer votos de feliz Ano Novo de 2017.
Passando à sua pergunta, tenho dificuldade em responder, porque, ao contrário de V. Ex.ª, desconheço em
absoluto o relatório de que fala. Uma coisa lhe garanto: nós não dispomos desse relatório há seis meses e a
única informação que obtivemos junto da OCDE, na sequência das notícias que foram publicadas, foi a de que
no final desta semana esse relatório, que foi encomendado pelo Governo anterior no final de 2015, seria
entregue ao Governo.
Em contrapartida, quanto à questão de saber o que pretendemos fazer quer eu, quer o Sr. Deputado estamos
nas mesmas condições: ambos conhecemos sabemos o que diz o Programa do Governo. O Programa do
Governo tem uma visão muito clara sobre o mercado de trabalho: há que repor rendimentos para combater a
pobreza e reduzir as desigualdades; há que desbloquear a contratação coletiva, que tem estado bloqueada; há
que fazer um combate firme à precariedade e, nesse sentido, apresentámos na concertação social um livro
verde das relações de trabalho e apresentaremos, brevemente, na concertação social um programa nacional de
combate à precariedade.
É isso que pretendemos fazer, é isso que iremos fazer.
Aplausos do PS.