23 DE DEZEMBRO DE 2016
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Não dispõe?! É que estava tão informado sobre o que diz o relatório que julguei
que dispusesse dele.
Aplausos do PS.
Relativamente aos lesados do BES, a boca fugiu-lhe para a verdade quando falou da falta de comparência.
É que este problema só existe, porque o anterior Governo teve falta de comparência à sua resolução.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Na segunda-feira, o grupo de trabalho composto pela Associação dos Lesados do BES, pelo Banco de
Portugal e pela CMVM entregou ao Governo e aos lesados do BES a proposta de uma solução, uma solução
que responde a uma das conclusões aprovada por unanimidade na Comissão de Inquérito desta Assembleia da
República e também na Resolução n.º 67/2015, da Assembleia da República, que previa criar mecanismos
expeditos, judiciais ou extrajudiciais, para a resolução de litígios ocorridos em resultado de situações de crise
em instituições financeiras. Não fazer nada seria deixar o Estado incorrer num risco de elevadas
responsabilidades.
Aquilo que a solução prevê resulta do seguinte pressuposto: primeiro, como é sabido, a CMVM (Comissão
do Mercado de Valores Mobiliários) já reconheceu que, na generalidade das situações, o papel comercial da
ESI (Espírito Santo Informática) e da RioForte consubstancia uma situação de misselling, sujeita a
indemnização.
Em segundo lugar, nos processos contraordenacionais já instaurados, dá-se por provado que houve
misselling relativamente à colocação deste papel comercial.
Muito importante é o facto de o Banco de Portugal, antes da resolução, e procurando proteger a situação
destes lesados, impor a constituição de provisões. Estas provisões começaram, aliás, por ser inscritas no Novo
Banco e depois, por alguma razão que alguém saberá explicar melhor do que eu, essas provisões foram
retiradas do balanço do Novo Banco, deixando desprotegidos os lesados que tinham uma proteção que o Banco
de Portugal tinha determinado que lhes fosse assegurada.
Significa isto que o risco de indemnização era particularmente elevado e aquilo que se procurou fazer foi ter
uma solução na qual se constitui um veículo, que não será de natureza pública, mas privada, que não será
financiado pelo Estado, mas que terá financiamento privado e a garantia de que o Estado só intervirá como
garante, sendo que…
Risos do PSD.
Srs. Deputados, peço que me deixem concluir.
Como dizia, sendo que o montante dos créditos apurados é de 485 milhões de euros. O montante pelo qual
vão ser adquiridos é de 286 milhões de euros, distribuídos em três anos. Esse fundo vai recuperar, junto dos
responsáveis pelo misselling e junto de outros responsáveis, o dinheiro que é devido.
Vozes do CDS-PP: — Isso não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se houver um excesso, esse será devidamente repartido com os lesados.
A probabilidade de não haver recuperação é diminuta,…
Vozes do CDS-PP: — Ah!
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Primeiro-Ministro.