14 DE JANEIRO DE 2017
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Sr.ª Deputada, não deixa de ser irónica, diria até um bocadinho bizarra, esta sua preocupação e este seu
discurso sobre os idosos. É que a Sr.ª Deputada faz parte de uma família política que esteve no Governo durante
quatro anos, antes do Governo que está atualmente em funções, que desrespeitou por completo os nossos
idosos e as nossas famílias,…
Aplausos do PS.
… que foi, efetivamente, pouco ou nada amiga dos nossos idosos e das nossas famílias.
Houve cortes nas pensões, cortes no complemento solidário para idosos, cortes no rendimento social de
inserção e idosos a suportar famílias inteiras, porque, muitas vezes, foi para a casa destes idosos que as famílias
regressaram — já que muitos dos membros da família estavam em situação de desemprego — e passaram a
usufruir do único rendimento que eles tinham depois da idade ativa.
Também não deixa de ser estranho que a Sr.ª Deputada e o Grupo Parlamentar do PSD venham propor uma
série de iniciativas que estão a ser trabalhadas pelo Governo. Aliás, as questões que lhe quero deixar, Sr.ª
Deputada, vão nesse sentido. Não deixa de ser estranho, bizarro e até, diria, comovente que os senhores agora,
repentinamente, se lembrem dos idosos.
Sr.ª Deputada, deixe-me dizer-lhe outra coisa que acho extraordinária. Os senhores vêm propor um plano
nacional para o envelhecimento positivo e é extraordinário que venham propor uma calendarização e uma
execução, a designação de uma entidade pública coordenadora, a elaboração de um plano de atividades, a
orientação e o acompanhamento das medidas — que também propõem que sejam elencadas —, avaliações
periódicas bienais e relatórios finais.
Não deixa de ser curioso que venham agora com a preocupação de fazer um plano, porque, relembro, uma
das grandes bandeiras do Governo do PSD e do CDS, que tanto maltratou os idosos e as famílias portuguesas,
foi um famigerado plano de emergência social que nunca passou de uma mera intenção do Governo a que a
Sr.ª Deputada e o seu partido pertenceram. E, Sr.ª Deputada, relembro-lhe que esse plano de emergência social
teve dois momentos altos; um foi um discurso feito na Amadora pelo Sr. Ministro que tutelava a área da
segurança social e o segundo foi um PowerPoint apresentado aos funcionários. Nunca houve um documento
estratégico! Nunca se definiram objetivos, nunca se quantificaram, nunca se definiram responsáveis pela sua
execução e nunca houve uma avaliação.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Não diga isso!
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Os Deputados do Partido Socialista e das outras forças políticas
pediram, certamente, várias vezes, os relatórios de avaliação, mas o seu Governo nunca os fez! E agora vem,
desta forma comovente, dizer ao Governo para fazer um plano de intervenção social. Pois, queria dizer-lhe, Sr.ª
Deputada,…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — E fazerem?!
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Os trabalhos estão em curso, já houve duas reuniões. Os meus
colegas também terão oportunidade de lhe dar informação sobre as outras propostas apresentadas pelo PSD.
Sr.ª Deputada, é público, já foram feitas reuniões, os trabalhos estão em curso e, certamente, em tempo útil,
serão apresentados os documentos estratégicos, os responsáveis pela sua implementação e os momentos de
avaliação.
Estas quatro propostas que o PSD aqui apresenta são, por um lado, de certa forma, incoerentes com aquilo
que os senhores nunca fizeram, nunca quiseram fazer ou nunca foram capazes de fazer, mas, por outro lado,
são redundantes em relação àquilo que o Governo já está, neste momento, a fazer.
Protestos do PSD.