I SÉRIE — NÚMERO 64
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Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Nessa altura, desdenharam das nossas intenções.
O PSD chamou-vos novamente para este debate, quando aqui discutimos o Orçamento do Estado para 2017.
O Governo e os partidos que o apoiam rejeitaram esse debate nessa oportunidade.
O PSD volta agora a convocar-vos,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — O PSD parece a campainha das escolas!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … e esperamos mesmo que, à terceira, seja de vez e que, desta vez, por
uma vez, as palavras possam coincidir com os atos.
A sociedade portuguesa e as pessoas concretamente consideradas merecem a nossa dedicação e merecem
ser ouvidas e integradas nas nossas decisões.
Deste processo legislativo deve resultar, com clareza, em que modalidades e quais as competências que a
administração central pode delegar para poderem ser executadas pela administração local.
Deve também resultar com clareza que recursos financeiros, patrimoniais, logísticos e humanos vão ser
alocados às autarquias para prosseguirem estas competências que vão adquirir.
O passo que, agora, se pretende dar é grande e deve centrar-se numa ideia clara: construir uma organização
do Estado adequada ao progresso social e económico do País, capaz de, se não eliminar, pelo menos atenuar
as desigualdades e estimular as oportunidades.
Do nosso ponto de vista, a proposta do Governo é manifestamente insuficiente. Em alguns momentos, chega
mesmo a ser inconsequente ou, pelo menos, ambígua. Mas não deixa de ser uma proposta válida, que deve ser
tida em consideração no Parlamento.
Mas, é sabido, no PSD fomos mais longe, vamos mais longe neste processo de descentralização e trazemos
a este debate quatro iniciativas políticas e legislativas, que são mais densas, mais ambiciosas e promovem, de
forma mais transparente, este processo descentralizador.
Claro está que não serão perfeitas e claro está que também podem ser melhoradas no debate que todos
aqui se predispuseram a realizar. De resto, é nosso entendimento que todos os contributos são, de facto, bem-
vindos. Todos os contributos que possam dimanar deste Parlamento — dos Deputados e das Deputadas, dos
grupos parlamentares —, mas também de fora deste Parlamento — das organizações autárquicas, das
instituições sociais, da academia, de todos quantos podem trazer a esta reflexão e a este processo decisório
contributos positivos que possam enriquecer as opções que temos de tomar. Pela nossa parte, contamos com
todos esses contributos.
E temos também a intenção de não atrasar mais este processo. Queremos mesmo até acelerá-lo, porque é
nosso entendimento que não há tempo a perder.
Por isso, termino, Sr.as e Srs. Deputados, reafirmando aqui a proposta que já fizemos neste debate, do
método que, do nosso ponto de vista, pode ser mais eficaz e tornar mais rápida e mais profunda a discussão
que podemos travar neste Parlamento: criar uma comissão específica, uma comissão eventual, que, de uma
forma rápida e exclusiva, se possa dedicar ao tratamento das iniciativas hoje em debate e de outras que,
porventura, possam chegar ainda à Assembleia da República. Esta comissão vai, portanto, favorecer uma
discussão transversal de todas as dimensões e de todos os setores de atividade que estão na base dos projetos
que os partidos e o Governo trouxeram ao Parlamento.
É por isso que não podemos esperar outra coisa que não seja a de esta proposta poder ser viabilizada. É
que, Sr.as e Srs. Deputados e Srs. Membros do Governo, os que têm mesmo interesse em aproximar posições,
os que querem mesmo contribuir e ajudar a que possam consensualizar-se decisões que possam ser projetadas
na vida das pessoas e na organização do País para as próximas décadas, aqueles que estão «de peito aberto»
neste debate e neste caminho, esses, com certeza, não vão optar, como no passado, pela falta de comparência
num instrumento de discussão e de decisão tão simples de poder concretizar como este.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não guarde rancores!