I SÉRIE — NÚMERO 67
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Quando o
PCP agendou este debate tínhamos a sincera expectativa de que ele pudesse contribuir para a discussão de
um dos problemas estruturais que se coloca ao País, o problema da dívida.
O PCP intervém neste debate procurando contribuir para esse objetivo. Defendemos não só aquilo que nos
parece que continua a ser a única solução que responde de forma estrutural a um problema estrutural, que é
uma solução de renegociação da dívida, e não tivemos problema em dar a nossa opinião sobre aquilo que
consideramos serem soluções que, podendo melhorar alguma coisa, não resolvem, no essencial, o problema
da dívida, as chamadas microssoluções.
Lamentamos que, infelizmente, o PSD e o CDS tenham vindo para este debate com irritação, mas sem
qualquer perspetiva de solução. Percebemos a irritação do PSD e do CDS: são os dois partidos responsáveis
pelo maior aumento da dívida pública de que há memória no regime democrático: são 52 mil milhões de euros
de dívida da exclusiva responsabilidade do PSD e do CDS.
Aplausos do PCP.
Protestos do PSD.
Mas, Sr.as e Srs. Deputados, isso não vos desresponsabiliza de participarem na discussão relativamente à
solução para o problema. E lamentamos que a única solução que o PSD e o CDS consigam apresentar seja a
de continuarem a propor que Portugal continue a dobrar a espinha perante os credores internacionais, à espera
que, com essa posição e com essa postura de submissão, algum dia os credores venham a atender às
necessidades do País ou às necessidades do nosso desenvolvimento.
Lamentamos que seja essa a perspetiva do PSD e do CDS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Compreendemos a irritação, pelo peso das responsabilidades que têm às costas, mas continuam a ter a
responsabilidade de vir à discussão. E esperemos que não fujam a essa discussão na comissão eventual que o
PCP propôs.
Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, o problema da dívida não é só um problema de hoje, é
um problema do futuro do País. É um problema que amarra o País, é um problema que trava o nosso
desenvolvimento, que limita a nossa capacidade de crescer economicamente, que impede a resposta a
problemas sociais. E é um problema que exige uma solução política. Uma solução política que deve considerar
aspetos técnicos, mas que é uma decisão política e que tem de ser assumida pelo Estado português.
A questão que se coloca, Sr.as e Srs. Deputados, é a que colocámos na intervenção inicial, e que, pela voz
do meu camarada Paulo Sá, foi colocada sob a forma de pergunta: o que é que poderíamos fazer com 8000
milhões de euros que, hoje, são sangrados para os juros da dívida e que poderiam ser utilizados para apoiar a
nossa economia, para responder a problemas económicos, para resolver problemas sociais e desenvolver o
País.
É essa a questão que se coloca e a resposta do PCP continua a ser a que defendemos desde 2011.
Já não estamos, hoje, sozinhos a defender a proposta da renegociação da dívida, como a defendemos em
2011, mas temos a certeza de que o apoio a essa proposta há de crescer e que havemos de encontrar as
condições políticas para, respondendo ao problema da dívida, responder também a um futuro de
desenvolvimento nacional.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os Verdes continuam a
considerar que a dívida, ou a renegociação da dívida, se impõe, até pelo seu elevado nível.