10 DE MAIO DE 2017
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A acrescer a esta degradação do serviço público, gravosa, não posso deixar de efetuar uma referência
veemente àquelas que foram as conclusões de uma inspeção recente por parte da Autoridade da Mobilidade e
dos Transportes (AMT), que concluiu, relativamente a esta mesma Linha Azul — vejam bem, Srs. Deputados!
—, que existe desfasamento nos tempos médios disponíveis para informação nas estações, indisponibilidade
parcial de venda de bilhetes e, num dos dias inspecionados, apenas ocorreu 26% de pontualidade. No dia mais
favorável esta pontualidade chegou aos 51%. Quanto à frequência, ao tempo de espera dos passageiros, é
apenas de 29%, sendo que na Linha Amarela é 40%, na Linha Vermelha 42% e na Linha Verde 48%.
Em diversos dias, os comboios não cumpriram a oferta contratualizada com o Estado — isto é dito pela
Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
Sr.as e Srs. Deputados, verdadeiramente espantoso é que esta inspeção é de Dezembro último e, até ao
momento, não existe qualquer indício de que estas situações se encontrem resolvidas e ultrapassadas.
Assim, é de todo incompreensível e inacreditável o anúncio público de ontem do Ministro do Ambiente quanto
ao novo plano de expansão da Metropolitano de Lisboa.
Quando a falta de investimento público é gritante e notória no último ano e ainda afeta o funcionamento
regular e a qualidade do serviço que é prestado, eis senão quando o Governo Socialista, em festa e arraial, já
está a anunciar novos investimentos sem nexo.
Com este cenário, não vemos qualquer racional nem nenhuma informação pública que justifique esta
diminuição do serviço público de transportes para as populações que têm de se deslocar na Linha Azul de e
para o município da Amadora.
Por isso, defendemos no nosso projeto de resolução a reposição da situação de normalidade na Linha Azul,
repondo a frequência das composições, que este Governo se deixe de projetos faraónicos e pondere a simples
resolução dos problemas referidos na auditoria da AMT. Garanto-vos que já prestava um excelente serviço às
populações.
As populações servidas pela Linha Azul não merecem esta discriminação negativa.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno
Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero sublinhar e
valorizar a importante e oportuna decisão do Partido Ecologista «Os Verdes» de agendar este debate sobre a
Metropolitano de Lisboa, o seu serviço e funcionamento, o investimento e medidas necessárias, a partir de uma
abordagem muito concreta mas também muito sentida pelos utentes e populações no seu dia-a-dia e que, de
resto, motivou a apresentação de outras iniciativas de outros partidos.
É uma discussão necessária sobre medidas que os utentes da Metropolitano vêm reclamando há muito
tempo e é caso para dizer que já ontem era tarde. Na estação de Arroios não chegam apenas três carruagens,
quatro cabem lá e já há muito tempo que deveriam estar a funcionar, já se deveria ter avançado há muito para
o reforço das composições ao serviço em particular na Linha Verde, mas essa questão é indissociável dos
graves problemas e insuficiências na manutenção e na operação causadas pelo anterior Governo PSD/CDS e
que ainda estão por ultrapassar.
Por outro lado, não podemos deixar de denunciar a hipocrisia política de quem provocou esses mesmos
problemas operacionais e agora exige respostas e soluções, mesmo não fazendo a mínima ideia do que está a
acontecer.
Srs. Deputados do PSD, informem-se melhor sobre o problema da circulação alternada à hora de ponta na
Linha Azul para apresentarem propostas e, já agora, peçam desculpa às pessoas por terem mantido, no anterior
Governo, durante quatro anos, a obra da ligação à Reboleira parada, quando estava praticamente concluída, à
espera do negócio da privatização para abrir as portas, como foi a vossa operação na altura.
Vozes do PCP: — Muito bem!