I SÉRIE — NÚMERO 85
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, a nossa proposta é que os textos dos vários
projetos apresentados pelos vários partidos neste debate sejam objeto de um trabalho de aperfeiçoamento e
conjugação para que a Assembleia da República possa aprovar o texto mais correto e adequado em relação a
esta matéria.
Esta discussão realiza-se numa altura em que o Governo anuncia opções para a rede de metropolitano que
merecem a discordância do PCP e que devem ser devidamente debatidas, aliás, nos termos da lei, com as
autarquias e outras entidades, algo que não foi feito, e é conhecida a posição e as propostas do PCP sobre o
desenvolvimento e a melhoria da qualidade do serviço do metropolitano.
Acima de tudo, é indispensável investir de forma efetiva e séria na criação dos meios necessários para que
a empresa dê resposta às necessidades no plano material mas também humano. É preciso reforçar a empresa
com mais maquinistas, mas atenção que eles não são contratados externamente, teremos de rever o ponto 1
da proposta do Bloco de Esquerda sobre a formação de maquinista, eles são formados na Metropolitano, e 30
não vão chegar para o futuro. É preciso mais pessoal em todas as áreas da empresa. São precisos trabalhadores
para a manutenção e reparação de material circulante, para a reparação da via, agentes de tráfego, operadores
comerciais, revisores. A empresa está, neste momento, numa situação limite e é preciso tomar medidas muito
rapidamente, de forma efetiva e séria, para responder aos problemas que têm sido apontados devida e
oportunamente pelos trabalhadores, pelos utentes e pelo PCP, ao longo de muito tempo, aqui, na Assembleia
da República.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do
CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Sou tentado a começar por
concordar com a proposta do Partido Comunista Português ao solicitar às várias bancadas que trazem iniciativas
sobre essa matéria que encontrem um texto comum, porque há, de facto, um traço em comum, que é o serviço
público de transportes em Lisboa estar pior e está ainda pior na Área Metropolitana de Lisboa.
Ora, isso não deixa de ser surpreendente, ainda que sendo uma verdade absoluta.
Os acordos da geringonça e — pasme-se! — os acordos do Partido Ecologista «Os Verdes» pressupunham
exatamente a não privatização de qualquer serviço, a reversão no setor dos transportes, tal como o Bloco de
Esquerda e o Partido Comunista Português propunham, e não é que, quase dois anos após a governação, estas
bancadas, que diziam que tudo ia ser diferente, tudo ia ficar melhor, vêm agora apresentar iniciativas dizendo
que afinal está tudo pior?! «Fomos enganados, o Partido Socialista não cumpre com os nossos acordos»!
Protesto do Deputado de Os Verdes José luís Ferreira.
Srs. Deputados do Partido Socialista, não é bonita a forma como tratam os vossos parceiros de coligação,
os partidos mais pequenos! Isso configura uma espécie de bullying político. Isso é feio, porque eles merecem
mais respeito!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Tem toda a razão, Sr. Deputado Bruno Dias, mas, acima de tudo, eu
estava à espera que, já que o Partido Socialista não respeita nem o PCP, nem o Bloco de Esquerda nem Os
Verdes, ao menos respeitasse os utentes, os trabalhadores e as empresas públicas de transportes. Isto porque,
Sr. Deputado, se qualificassem o serviço público de transportes, a mobilidade, a interoperabilidade e a
intermodalidade, como um sistema integrado na Área Metropolitana de Lisboa, de facto, não estaríamos aqui
com iniciativas de mais carruagens no metro. É que há iniciativas de mais carruagens!