I SÉRIE — NÚMERO 85
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ficámos pasmados quando se referiu à construção das duas estações do metropolitano como sendo projetos
faraónicos. Faraónicos!
A única coisa aparentemente faraónica que o anterior Governo fez foi a de manter «enterrada», fechada, a
estação da Reboleira, como faziam os egípcios com os túmulos no Vale dos Reis. A única coisa minimamente
faraónica foi essa opção estratégica de manter fechado, para lá do aceitável, aquele que era um investimento
estruturante e que estava em falta.
Os Srs. Deputados, ao subirem à tribuna, elencaram um conjunto de problemas que têm um autor bem
identificado e esse autor bem identificado é aquele governo que não investiu na bilhética, é aquele governo que
não investiu no material circulante, é aquele governo que não investiu nos trabalhadores,…
Aplausos do PS.
… é aquele governo que não investiu nos maquinistas, é aquele governo que deixou degradar o
funcionamento da rede do metropolitano de Lisboa e agora, sem perceberem — penso que os Srs. Deputados
continuam sem perceber — a dinâmica do transporte na cidade, acham que os investimentos que estão a ser
feitos e que visam libertar material circulante para que possa ser disponibilizado nos acessos em horário de
ponta podem concretizar-se com as medidas que são propostas.
Portanto, é estonteante, é mesmo perplexizante a falta de descaramento com que aparecem neste debate,
como se fossem totalmente alheios a tudo o que levou ao colapso do metropolitano em Lisboa.
Aplausos do PS.
Felizmente, também podemos responder com dados positivos.
Ficou a pergunta no ar: «O que é que podem apontar de melhorias?». Se olharmos para aquela que foi uma
opção de não privatizar, de manter na esfera de gestão pública, podemos logo responder aos senhores que
falem com aquelas crianças que têm menos de 12 anos, que hoje podem circular gratuitamente na Carris, ou
com os maiores de 65 anos, que têm acesso a um desconto superior.
O Sr. HélderAmaral (CDS-PP): — Mas não é a Câmara de Lisboa que paga!
O Sr. PedroDelgadoAlves (PS): — Ora aí têm uma boa demonstração de uma política de transportes que
não só tem consciência social como valoriza o transporte público como ambientalmente sustentável.
É a diferença entre ter uma estratégia que valoriza o funcionamento da Área Metropolitana e do seu sistema
de transportes e não ter estratégia rigorosamente nenhuma, querer vender ao desbarato e desinvestir
estruturadamente durante quatro anos.
Em suma, neste momento, temos um desafio que é encarado com seriedade pelas bancadas que suportam
o Governo, porque são essas bancadas que têm apontado um caminho que passa por investimento em meios
humanos, que passa pela muito urgente obra na estação de Arroios, que permitirá dar capacidade a toda a linha
para que funcione na potência máxima e que representará — e os utentes disso se aperceberão —,
seguramente, uma mudança estrutural e fundamental no funcionamento dos transportes públicos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado
Carlos Santos Silva.
O Sr. CarlosSantosSilva (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Verdadeiramente espantoso é o que
acabámos de assistir, neste momento, por parte do Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, do Partido Socialista.
Vozes do PS: — Ah!