20 DE MAIO DE 2017
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Em primeiro lugar, porque o Governo optou por fazer subtrair ao controlo parlamentar a regulamentação da
Lei n.º 17/2016, impedindo os Deputados de poderem requerer a apreciação parlamentar de matérias que,
claramente, envolvem direitos e garantias fundamentais dos cidadãos.
Foi o que o Executivo fez, ao optar por aprovar um ato normativo de natureza administrativa — o Decreto
Regulamentar n.º 6/2016 — e não um decreto-lei, como inicialmente chegou a fazer publicamente.
Ainda assim, o PSD absteve-se na votação, na generalidade, porque esperava ver tratada toda a matéria na
Comissão.
Em segundo lugar, porque o Partido Socialista resolveu fazer propostas, sobre a forma a dar à eliminação
do material genético, no próprio dia em que a proposta de lei foi votada, na especialidade, na Comissão de
Saúde, o que, ainda assim, o PSD voltou a aceitar. Mas o PS recusou depois, com os seus aliados da extrema-
esquerda, que essas propostas novas fossem apreciadas pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da
Vida.
Neste contexto, o PSD não pode rever-se na lei aprovada, na medida em que não é aceitável que esta
maioria queira, uma vez mais, impor a «lei da rolha», impedindo não só o Parlamento mas também as entidades
independentes do Estado de cumprirem a sua missão.
O Conselho Nacional de Ética não é um órgão decorativo! Tem também como missão pronunciar-se sobre
os aspetos éticos suscitados pelas propostas legislativas apresentadas no Parlamento.
E, Sr.as e Srs. Deputados, cercear esta participação não é um bom serviço que se presta à democracia.
Do PC e do Bloco de Esquerda já não esperamos grande sensibilidade democrática.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Do PCP!
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — É PC!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Então, os senhores são PS!
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Mas ver este novo PS, de agora, arvorar-se em «dono disto tudo» é, mais
do que lamentável, um sinal muito preocupante destes novos tempos de sectarismo político, em que o controlo
social do País, por esta nova frente de esquerda, se vai tornando cada vez mais evidente.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Esgotou o seu tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Estou a terminar, Sr. Presidente.
O PSD não pactuará nunca com esta forma de tratar o Parlamento e a democracia!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Extraordinário é ter assistido à disponibilidade, à paciência e à atenção
com que os jovens, nas galerias, assistiram ao nosso longo processo de votação.
Merecem da nossa parte uma saudação.
Aplausos gerais.
Sr.as e Srs. Deputados, chegámos ao fim dos nossos trabalhos. A próxima reunião plenária terá lugar no dia
23, terça-feira, às 15 horas, tendo como ponto único da ordem do dia o debate quinzenal com o Sr. Primeiro-
Ministro, ao abrigo da alínea b) do n.º 2 do artigo 224.º do Regimento.
A todos desejo um bom fim de semana.
Está encerrada a sessão.
Eram 13 horas e 27 minutos.
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