I SÉRIE — NÚMERO 99
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esse nobre ímpeto de salvar os outros. À sua família, aos seus amigos e à sua corporação, as mais sentidas
condolências.
Também a todos os elementos das equipas multidisciplinares que estão no terreno a prestar a ajuda
necessária e possível, Os Verdes manifestam o seu sincero reconhecimento.
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, esta tragédia, que
ficará conhecida como a «tragédia de Pedrógão Grande», impõe-nos perceber mais do que a trovoada seca que
as autoridades garantem ter espoletado o incêndio florestal. E impõe-nos mesmo mais do que perceber se algo
falhou ao nível da comunicação, da coordenação ou da agilidade de decisão para enfrentar o drama. E impõe-
nos mais do que as imensas reflexões que já foram produzidas ao longo dos anos sobre os fogos florestais. E
impõe-nos mais do que a produção de novos relatórios a acrescentar aos muitos já produzidos. E até nos impõe
mais do que a vontade política de mudar as causas que fragilizaram a nossa floresta e a tornaram mais
vulnerável aos fogos e que estão mais do que apontadas, desde a exagerada e contínua área de eucaliptal, que
é um rastilho dramático, passando pelo despovoamento e o abandono da atividade produtiva no mundo rural,
até à insustentável liquidação de serviços do Estado com responsabilidade na preservação da floresta e das
matas.
A verdade é que se impõe ao País coragem política! O fenómeno das temperaturas quentes e da escassez
de humidade não nos vai abandonar, prevê-se até que se intensifique ano após ano.
Aos bombeiros e a toda a população portuguesa devemos coragem e responsabilidade. Os Verdes
continuarão nessa luta.
Aplausos de Os Verdes, do PS, do BE, do PCP e do PAN.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Perante a tragédia ocorrida com o incêndio florestal desencadeado em Pedrógão Grande, as
nossas primeiras palavras são, naturalmente, de pesar e solidariedade para com as vítimas, as suas famílias e
todos aqueles que no terreno têm dado e continuam a dar combate ao incêndio, a dar apoio às vítimas e a
procurar minimizar o sofrimento de todos quantos foram atingidos pelos incêndios.
Populações, bombeiros, Forças Armadas, serviços e forças de segurança, serviços de saúde e de segurança
social, estruturas públicas, associativas, de solidariedade, todos eles envolvidos no combate aos incêndios e no
apoio às vítimas merecem o nosso reconhecimento e solidariedade pela sua ação generosa e abnegada.
As proporções deste incêndio e a tragédia humana e social que provocou, quer com a perda de vidas, quer
com a destruição de recursos e bens, tornam o incêndio de Pedrógão Grande numa catástrofe de dimensões
inéditas no nosso País.
Uma catástrofe que impõe, com urgência, uma resposta pronta e eficaz às vítimas, mas que impõe,
igualmente, a breve prazo, o cabal esclarecimento de todas as circunstâncias em que o incêndio se desenvolveu
com as consequências que são conhecidas.
É necessário concentrar atenções no apoio e assistência às vítimas e suas famílias, nos cuidados de saúde,
na garantia de habitação, na recomposição das condições de subsistência daqueles que as perderam, na
recuperação da normalidade do quotidiano das populações atingidas pelo incêndio.
A breve prazo, será preciso apurar integralmente as causas e as circunstâncias em que este incêndio se
desenvolveu ao ponto de ter provocado tamanha perda de vidas e destruição de recursos e bens. Não é para
repetir comissões, relatórios e recomendações mas para concretizar medidas e ações concretas que há muito
estão identificadas como necessárias à prevenção dos fogos florestais.
Não é possível assistir a uma catástrofe como esta que temos pela frente sem nos questionarmos sobre as
medidas que nunca saíram do papel ou as opções que foram tomadas em sentido contrário ao que deveria ter
acontecido em matéria de ordenamento florestal e vigilância das florestas, de desagregação e extinção de
serviços e estruturas públicas, de debilidades em infraestruturas estratégicas de telecomunicações e
comunicações rodoviárias, de insuficiência de meios e condições de operacionalidade da proteção civil, de
despovoamento do interior e abandono daquelas populações à sua sorte, de inação perante a pressão dos