6 DE JULHO DE 2017
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O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Determinou a quem?!
O Sr. José Miguel Medeiros (PS) — … para que a Inspeção-Geral da Administração Interna possa apurar,
efetivamente, o que se passou e quem tem razão, perante estas duas posições. E, bem assim, a Assembleia,
na passada sexta-feira, como já aqui foi dito, aprovou uma comissão para extrair conclusões e para nos permitir
tomar as medidas que se justifiquem.
Por isso, parece-nos desde já evidente, na linha de algumas recomendações já conhecidas e que também
foram apresentadas nos relatórios que têm vindo a público,…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, esgotou o tempo de que dispunha.
O Sr. José Miguel Medeiros (PS) — … que é necessário reforçar a rede e os níveis de serviço.
Não nos parece, no entanto, que, pela natureza das queixas, este seja um problema que resulte do facto de
estarmos perante uma parceria público-privada, na qual assenta a gestão operacional do Sistema.
De facto, se se vier a confirmar que as falhas detetadas são o resultado de uma deficiente cobertura
contratada, esse é um problema técnico que terá de ser resolvido, mas que não depende da natureza, pública
ou privada, da entidade que faz a gestão operacional.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, tem de fazer o favor de concluir.
O Sr. José Miguel Medeiros (PS) — Por isso, e para terminar, Sr. Presidente, o Partido Socialista quer dizer
aqui que, naturalmente, não corroborando a ideia de avançar para uma nacionalização do Sistema, pelo menos
no imediato, não deixa de acompanhar as preocupações manifestadas pelo Bloco de Esquerda e, portanto, na
altura própria e em tempo oportuno, estamos disponíveis para discutir, votar e aprovar aquilo que for relevante
para que, doravante, as populações do nosso País sintam a segurança e a tranquilidade necessárias, sempre
que acontecerem tragédias como esta.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Como hoje já tive
oportunidade de recordar, o processo do SIRESP está rodeado de singularidades, desde o concurso público
que lhe deu suporte, passando pelo prazo para a entrega das propostas, até à faculdade que o Governo de
Durão Barroso deu ao único concorrente para corrigir a sua proposta inicial, em vez de fazer um novo contrato
ou um novo concurso. Tudo isto mostra bem os contornos deste contrato e, também, as preocupações com o
interesse público, que, normalmente, ficam de fora nas negociações das parcerias público-privadas, como
aconteceu no caso do SIRESP.
O percurso não só da formação do contrato do SIRESP mas também do seu desenvolvimento é pouco claro,
ou mesmo obscuro, repleto de elementos estranhos. A estes factos temos ainda de somar as próprias
fragilidades que o SIRESP tem vindo a demonstrar ao longo do tempo, no que diz respeito à prossecução das
responsabilidades que decorrem do contrato, fragilidades que não começaram apenas com a tragédia de
Pedrógão Grande, remontam, pelo menos, a 2014, logo após os trágicos acontecimentos de Carregal do Sal. E
não são apenas os relatos das populações que indiciam falhas no SIRESP, são também as próprias autoridades
que nos dão conta das falhas nas comunicações não só durante o combate aos incêndios mas também em
operações de simulacro.
O pior é que o Estado não tem o poder de, por exemplo, exigir ao consórcio um tempo máximo de reposição
da rede de emergência, se esta deixar de operar numa determinada zona. Ou seja, numa situação de
emergência, se a rede falha, o Estado fica de pés e mãos atados, mas, numa situação de emergência, isto não
pode acontecer.