20 DE JULHO DE 2017
11
Ouvimos o PSD e o CDS defenderem esta multinacional. É a velha lengalenga dos que assumem que não
se pode pôr em causa os superiores e intocáveis interesses dos acionistas e especuladores.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Dos que não só entregaram a PT, como entregaram os CTT, a ANA, a
TAP, a REN, a EDP, a Cimpor (Cimentos de Portugal), os ENVC (Estaleiros Navais de Viana do Castelo), entre
outros. E só não entregaram mais porque o povo não deixou e pôs fim ao Governo e à estratégia de destruição
que estava em curso.
Aplausos do PCP.
Mas não basta deixar tudo correr pelas ditas «entidades reguladoras», pois quem assim fizer estará a ser
conivente com a impunidade e os objetivos desta multinacional.
O Estado português detém os instrumentos necessários para travar a fraude em curso e reverter o processo
de destruição da PT e tem condições e a obrigação de intervir, evitando uma aquisição da TVI por parte da Altice
e as consequências para o País.
É preciso coragem e determinação para escolher entre os interesses nacionais e o poder de uma
multinacional. Determinação e coragem que os trabalhadores da PT assumem com a sua luta, que daqui
saudamos. Determinação e coragem para empreender um processo de recuperação do controlo público da PT.
Determinação e coragem que o PCP assume na defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A PT é uma empresa que poderia e
deveria ser uma potência pública capaz de assegurar o controlo e o desenvolvimento de uma infraestrutura
estratégica para o País, que são as redes de telecomunicações, e também, por essa via, de regular todo o setor
através das suas práticas.
Mas a PT foi, ao longo dos últimos anos, um joguete nas mãos de interesses políticos e económicos
particulares e está a ser agora vítima de um grupo que se comporta como um fundo abutre — e estou a falar,
naturalmente, da Altice —, que é uma vergonha ao nível das suas práticas laborais e que parece achar que
Portugal é uma «república das bananas», onde violar as leis laborais compensa e onde é possível recorrer a
todos os estratagemas para desmembrar uma empresa estratégica para o País e para encapotar despedimentos
atuais e futuros.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Muito bem!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — No passado, a PT foi vítima de maus negócios, de alienações de
empresas, tendo-se também assistido à distribuição espetacular de dividendos. Vale a pena lembrar que só em
2010 foram distribuídos aos acionistas, só de uma vez, 1500 milhões de euros livres de impostos, ao mesmo
tempo que a empresa se degradava.
O corolário desta canibalização da empresa foi a privatização total em 2015, que abriu campo a estas práticas
da Altice, de desagregação da empresa, e que foi o pontapé de saída para aquilo a que estamos a assistir hoje,
que é nada mais, nada menos do que o maior processo de assédio moral em larga escala, a que Portugal jamais
assistiu.
Vozes do BE: — Muito bem!