I SÉRIE — NÚMERO 109
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O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Estamos a assistir a um processo de imposição de tortura psicológica e
de terror sobre os trabalhadores, de esvaziamento de funções, de ativação de cláusulas de mobilidade
geográfica e funcional para pressionar os trabalhadores a saírem pelo seu próprio pé e à utilização abusiva e
perversa de uma figura legal, que é a da transmissão de estabelecimento, para basicamente promover
despedimentos encapotados e para fragilizar as condições de trabalho de quem, hoje, é trabalhador da PT.
Como é possível, Sr.as e Srs. Deputados, como é possível, Sr. Secretário de Estado do Emprego, que, em
relação à PT, a empresa diga não ter condições para manter os postos de trabalho — e que, aliás, ensaiou a
utilização do estatuto de empresa em reestruturação para que o Estado pagasse os despedimentos que quis
fazer na PT e que o Governo recusou, e muito bem —, venha agora dizer que tem disponibilidade para o negócio
de 440 milhões de euros com a TVI?
Como é possível que se assista à utilização fraudulenta de uma figura legal que resulta da transposição de
uma diretiva europeia — e estou a falar da transmissão de estabelecimento —, que foi criada para proteger os
direitos dos trabalhadores e a continuidade dos seus postos de trabalho, mas que está a ser utilizada para forçar
e obrigar os trabalhadores a irem para empresas que não lhes dão garantias ou, então, a sentirem-se
pressionados para rescindirem o seu contrato e para ficarem sem o seu posto de trabalho?
O Bloco de Esquerda tem acompanhado esta situação. Temos feito perguntas ao Governo e instado a
atuação do Governo e da Autoridade para as Condições do Trabalho. Estamos solidários com a importantíssima
mobilização que está a acontecer por parte dos trabalhadores da PT/MEO e com a greve que vão fazer no
próximo dia 21 e não, repito, não alijamos responsabilidades ao nível da intervenção legislativa, neste
Parlamento, para blindar a lei destas utilizações fraudulentas.
Mas, Sr. Secretário de Estado, o Governo pode e deve intervir para travar este processo. O Governo tem os
mecanismos para impedir a utilização fraudulenta desta lei; o Governo tem os mecanismos para travar este
comportamento abutre da Altice, que está a destruir uma empresa estratégica, a violar a legislação laboral e a
destruir a vida dos trabalhadores.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Muito bem!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Mais do que sabermos as opções individuais do Sr. Primeiro-Ministro
enquanto consumidor, é preciso saber quais são as ações políticas que o Governo vai pôr em marcha, agora,
para travar esta destruição.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Coimbra.
O Sr. Pedro Coimbra (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido
Socialista acompanha, naturalmente, o PCP e todos os grupos parlamentares que aqui têm demonstrado
preocupações com a situação dos trabalhadores da PT. Aliás, o Partido Socialista e o Governo têm
demonstrado, ao longo dos últimos tempos, forte e dedicado empenho na recuperação económica do País a
todos os níveis e com uma preocupação permanente e constante naquilo que, para nós, é uma das principais
prioridades políticas, que é o combate ao desemprego e o crescimento económico.
O Sr. Luís Moreira Testa (PS): — Muito bem!
O Sr. Pedro Coimbra (PS): — Temos, aliás, salientado, trimestre após trimestre, que os resultados têm
demonstrado que as taxas de desemprego têm, felizmente, diminuído.
Por outro lado, o investimento, o apoio à criação de emprego, à fixação de postos de trabalho, com o
relançamento do Portugal 2020 pelo atual Governo como um instrumento decisivo, têm estado no centro das
nossas preocupações políticas, com resultados bem visíveis e muito importantes para Portugal e para os
portugueses.