20 DE JULHO DE 2017
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Aplausos do PSD.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Então e os despedimentos? Não diz nada?
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
A PT, Portugal Telecom, é historicamente uma grande empresa portuguesa e foi mesmo a nossa maior.
É uma empresa que tem um centro de inovação e desenvolvimento excelente, é uma empresa que é
responsável pelo aparecimento de produtos que mudaram a indústria das telecomunicações a nível global e é
uma empresa que, na sua história, nos deve orgulhar enquanto portugueses.
É exatamente por isso que nos preocupou muito o que aconteceu na empresa, preocupou-nos muito a perda
de valor que a PT teve, mas também sabemos que essa perda de valor não aconteceu agora, nem é de hoje.
Aconteceu por causa de uma estratégia de internacionalização totalmente desastrosa, uma estratégia que
atualmente está a ser investigada do ponto de vista criminal, uma estratégia que destruiu uma parte significativa
da maior empresa portuguesa e também não nos esquecemos que foi o Estado português, na altura de um
governo socialista, que travou a compra da PT por um grupo português, e hoje a história poderia ser diferente.
Nós, ao contrário do Partido Socialista, do Partido Comunista Português, do Bloco de Esquerda e de Os
Verdes, não branqueamos o que aconteceu na PT na compra da Oi, nem esquecemos o comportamento
totalmente irresponsável de dirigentes da empresa, mas também de responsáveis políticos como Zeinal Bava,
Henrique Granadeiro ou José Sócrates. Nós não empurramos isso para debaixo do tapete, não fazemos o
branqueamento, como os senhores hoje vieram aqui fazer.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não ouviu a intervenção?!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Dito isto, Sr. Presidente, temos duas preocupações neste momento:
primeira, não cabe ao Estado gerir empresas privadas, mas cabe ao Estado garantir que a legislação,
especialmente a legislação de defesa dos trabalhadores, é cumprida. Cabe ao Estado garantir a defesa da
legalidade nos processos laborais. A defesa dos trabalhadores nestes mesmos processos tem de ser
assegurada, e essa, sim, é uma função pública.
Também não cabe ao Estado lançar uma campanha contra uma empresa e, acima de tudo, não cabe a um
Primeiro-Ministro lançar essa mesma campanha contra uma empresa, porque em última análise os mais
prejudicados são os próprios trabalhadores dessa mesma empresa, se a empresa tiver uma perda de valor.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Segunda preocupação: as consequências que podem advir de um
processo de concentração vertical, isto é, do facto de uma operadora poder comprar um produtor de conteúdos.
E a competência do Estado, nesta matéria, é, acima de tudo, a competência do ponto de vista da regulação,
essa é uma tarefa pública por excelência.
Preocupa-nos que o Governo e o Partido Socialista tenham vindo a maltratar os reguladores que, neste
momento, vão ser chamados a intervir, como, por exemplo, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social
(ERC), com consagração na nossa Constituição, que está, neste momento, por nomear por causa de uma birra
do Partido Socialista, que não se entende relativamente a um quinto nome, e isso prejudica as funções básicas
e essenciais do Estado.
Aplausos do CDS-PP.