I SÉRIE — NÚMERO 3
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O Sr. Heitor Sousa (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Somos hoje convocados para um debate
que constitui uma autêntica manobra de diversão eleitoralista do PSD e do CDS.
O PSD e o CDS abordam este debate com a proposta de uma política autista em relação a tudo o que a
Assembleia da República já fez nesta Legislatura.
Não sei se as Sr.as Deputadas e os Srs. Deputados do PSD e do CDS se recordam que, no dia 19 de julho,
neste mesmo Plenário, foi discutida e votada uma série de investimentos públicos para modos de transporte,
para infraestruturas de transporte.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Precisamente! Como é que nos poderíamos ter esquecido?!
O Sr. Heitor Sousa (BE): — E, nessa altura, não estava presente a perspetiva eleitoralista que está hoje nas
vossas propostas mas, sim, um conjunto de propostas e projetos que as várias bancadas tinham colocado à
discussão deste Plenário para que o transporte público, sobretudo o de passageiros, fosse melhorado,
desenvolvido, com base em investimentos absolutamente urgentes e necessários, dado o estado de degradação
que os vários modos de transporte sofreram nos últimos anos, por exclusiva responsabilidade do Governo
anterior, PSD e CDS.
Os Srs. Deputados do PSD e do CDS propõem aqui, na Assembleia da República, um rol de investimentos
sem terem sequer a preocupação de fazerem o balanço da sua política de investimentos em matéria de
transportes públicos, que desenvolveram durante quatro anos e meio neste País, e que levou à destruição
completa da maior parte do sistema de transporte público, sobretudo do sistema de transporte de passageiros.
E porquê? Porque os Srs. Deputados do PSD e do CDS lavram num erro sistemático, que é o de considerar que
o Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas 3+ (PETI 3+), que o vosso Governo aprovou, é a resposta
estratégica para o desenvolvimento e defesa do sistema de transportes à escala nacional.
Não é, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas! É preciso fazer um balanço altamente crítico, é preciso rejeitar o
Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas que vocês aprovaram, porque esse Plano tinha um erro
basilar: só pensava no transporte de mercadorias e, pura e simplesmente, ignorava o transporte de passageiros.
A vossa política para o transporte de passageiros era uma: a privatização total e sistemática de todos os modos
de transporte. Por isso é que o Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas tem praticamente nada sobre
políticas de transporte de passageiros.
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o tempo de que dispunha, Sr. Deputado. Peço-lhe que conclua.
O Sr. Heitor Sousa (BE): — Vou já concluir, Sr. Presidente.
Nós, pelo contrário, apresentamos à votação, nesta mesma Sessão Legislativa, dois projetos que têm
merecido a defesa das populações por darem aos transportes de passageiros a importância que as populações
têm reclamado, incluindo-os no programa Ferrovia 2020, que é algo a que nenhuma das vossas bancadas, do
PSD e do CDS, se refere. É como se o programa Ferrovia 2020 não existisse e como se não fosse necessária
e urgente a requalificação da linha ferroviária do Oeste ou a requalificação integral da linha ferroviária do Vouga.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Na abertura desta Sessão
Legislativa, Os Verdes optaram por fazer uma declaração política justamente sobre o transporte ferroviário.
Fizemo-lo porque consideramos que, na agenda de Os Verdes, é prioritário, mas deve ser também uma
matéria prioritária na agenda do Parlamento. Nesta Sessão Legislativa deve haver um empenho forte por parte
do Parlamento, no sentido de se inverter a lógica de investimento relativamente ao transporte ferroviário.
Dizemo-lo por vários motivos: porque temos uma responsabilidade efetiva na adoção de medidas que
contribuam para mitigar o fenómeno das alterações climáticas, e a questão dos transportes públicos é
determinante para essa resposta e dentro dos transportes públicos, o transporte ferroviário é ainda mais
determinante para essa resposta eficaz; e também o entendemos como uma prioridade porque o nosso País