I SÉRIE — NÚMERO 15
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O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, ouvimos há pouco o PSD fazer uma
acusação a este Orçamento do Estado que não gostaríamos de deixar passar em claro.
O PSD disse que este Orçamento tinha «nada de reformas». O certo é que é nada das reformas que o PSD
e o CDS queriam impor ao País se hoje fossem governo, como cortar nos serviços públicos, privatizar os
transportes públicos e cortar 600 milhões de euros nas pensões, como estava inscrito no Programa de
Estabilidade e Crescimento (PEC) de 2015.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Era a política do Estado mínimo: cortar nos serviços públicos, privatizar os transportes públicos e cortar no
serviço nacional de segurança social, nas pensões.
Mas há aqui uma crítica que a direita deixou de fazer nestes dias, a propósito deste Orçamento do Estado.
A direita já não pede um plano B, já não diz que o Governo tem escondido um plano B. A direita já não diz que
o Governo está a preparar com Bruxelas medidas adicionais e que as esconde. A direita já não diz isto,…
Protestos do PSD.
… como também já não ameaça que a seguir a este Orçamento vem o Orçamento retificativo.
Protestos do PSD.
Há pouco, ao Sr. Deputado António Leitão Amaro fugiu-lhe a boca para a verdade, quando disse que este é
o terceiro dos quatro Orçamentos desta Legislatura e, ao dizer isto, reconhece que, até ao fim desta Legislatura,
não haverá um Orçamento retificativo.
Vozes do PSD: — Vamos ver!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Estas críticas, que deixaram de ser dirigidas a este Orçamento, são
elogios indiretos por parte da direita, do PSD e do CDS. E também já se não ouvem críticas ao cenário
macroeconómico que serve de base a este Orçamento, já não ouvimos essas críticas porque quer entidades
nacionais, como o Banco de Portugal ou o Conselho de Finanças Públicas, quer a Comissão Europeia, a OCDE
e o FMI têm as suas previsões alinhadas com as do Governo.
Um segundo apontamento, Sr. Primeiro-Ministro, é acerca das críticas habituais da direita sobre a condução
governativa. PSD e CDS recusaram esta política de devolução de rendimentos, dizendo que isso seria uma
calamidade para a nossa economia. PSD e CDS falharam: prossegue a recuperação de rendimentos e a
reposição de direitos sociais, e a economia cresce acima do esperado.
PSD e CDS recusaram a subida do salário mínimo nacional e recusaram também a descida dos impostos
sobre o trabalho, dizendo que estas medidas iriam estagnar a criação de emprego. O PSD e o CDS falharam:
contra a vontade da direita, o salário mínimo nacional sobe e os impostos sobre o trabalho descem, ao mesmo
tempo em que se assiste à criação de mais de 220 000 postos de trabalho líquidos e ao desemprego a descer
a um ritmo mais rápido do que o da zona euro.
Sr. Primeiro-Ministro, este é o terceiro Orçamento desta Legislatura e surge num contexto de crescimento
económico, de crescimento do mercado de trabalho, de estabilização do setor financeiro e de consolidação das
contas públicas. É um Orçamento que reflete o programa eleitoral do PS, bem como reproduz o Programa do
Governo.
Confiamos no sucesso deste Orçamento, pois estamos certos de que as novas propostas vêm fortalecer os
objetivos estratégicos do Programa do Governo: descida dos impostos sobre o trabalho, fim da sobretaxa de
IRS, revisão dos escalões de IRS, aumento do referencial mínimo de existência que se aplica ao trabalho
dependente e ao trabalho independente, aumento extraordinário das pensões, descongelamento das