I SÉRIE — NÚMERO 15
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A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Em terceiro lugar, na função pública, achamos que é importante que o
descongelamento das carreiras seja feito nos dois últimos anos desta Legislatura, porque não podemos deixar
para o próximo governo um compromisso que é desta maioria.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, há problemas aos quais não podemos virar a cara.
No descongelamento das carreiras, é inexplicável que os professores fiquem de fora do processo.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Já tinham ficado de fora da vinculação extraordinária de precários da
Administração Pública e, por isso, pusemos esta questão na linha da frente das nossas negociações e temos,
no Orçamento do Estado, a vinculação extraordinária de 3500 professores e a alteração da norma-travão para
três anos.
Mas 13 anos de congelamento de carreiras e salários não podem ficar sem resposta. Os professores e as
professoras conseguiram, nestes 13 anos, os resultados de excelência de que nos orgulhamos na escola
pública. Este mérito e este esforço não podem ser premiados com o esquecimento no Orçamento do Estado.
Do mesmo modo, Sr. Primeiro-Ministro, também precisamos de responder àquelas pessoas que, tendo
carreiras contributivas muito longas, se reformaram antes do passado mês de outubro e, por isso, com grandes
penalizações. O fator de sustentabilidade é uma dupla penalização e sabemos todos que esta era a altura de
acabar com ele.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Temos ainda o problema daquelas pessoas que estiveram em situação de
desemprego de longa duração e que, sem nenhuma resposta social por parte do PSD e do CDS, foram
obrigadas a pedir a reforma antecipada com uma enorme penalização, às quais também temos de dar resposta.
Este Orçamento não pode abandonar os maiores lesados da destruição da política da troica e da direita.
Temos de responder a quem tem pensões de miséria, mas que trabalhou e contribuiu toda uma vida.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, no IRS, já hoje aqui foi referido, o Governo sabe que
o Bloco de Esquerda acompanha todas as medidas para combater a fraude fiscal e a informalidade na economia.
Por isso, achamos que o regime simplificado pode e deve ser mexido e sabemos que o Orçamento do Estado
já prevê que 90% dos trabalhadores a recibo verde vão pagar menos impostos, estando protegidos. Mas o
regime tem de ser mais simples e mais claro para combater a fraude sem prejudicar os trabalhadores
independentes, que, mais a mais, ainda estão à espera do regime contributivo que foi inscrito no Orçamento do
Estado para 2017 e que o Bloco de Esquerda não deixará esquecer.
Finalmente, Sr. Primeiro-Ministro, deixo-lhe uma última preocupação com outra questão sobre este
Orçamento do Estado. O Governo tem de responder pelo investimento público e pelo funcionamento dos
serviços públicos. Ora, repetidamente, o Governo tem executado menos do que aquilo que é orçamentado. E
para quê? Para atingir metas de défice ainda mais baixas do que aquelas que estão acordadas com Bruxelas.
Entendamo-nos: todos queremos contas públicas certas, mas reduzir o défice criando novos défices, porque
se fragilizam funções essenciais do Estado, é um caminho perigoso. É necessário responder pela saúde, pela
educação, pelo ambiente, pela cultura, pela ciência, pelos transportes, pela justiça, pela segurança, por tantos
setores que se veem asfixiados, ano após ano.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Quem a ouvir…!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, aquilo que queremos é uma dupla garantia: primeira,
que, em 2017, o investimento e a despesa que estavam no Orçamento sejam efetivamente executados, porque
não há nenhuma razão de força maior que possa justificar que não sejam executados; e, segunda, que o
Orçamento para 2018 tenha investimento para ser mesmo executado.