I SÉRIE — NÚMERO 21
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É isso que o CDS e, penso, todos nós pretendemos acautelar. E queremos evitar que tal aconteça com este
património tão importante, quer do ponto de vista regional, quer do ponto de vista nacional. Estamos a falar da
indústria corticeira, algo que está tão intimamente ligado à nossa história e à nossa identidade nacional, e,
portanto, não é só este património industrial que queremos salvaguardar mas também todo o espólio inerente a
esta prática que conseguiu ultrapassar o século XX, tendo nascido no século XIX, através da instalação em
Portalegre desta indústria, que não sobreviveu ao século XXI e fechou portas em 2009.
Não havendo, atualmente, atividade a ser desenvolvida, entendemos que é urgente a tomada de medidas, e
a urgência impõe-se, para que não haja irreversibilidade — daí que seja tão importante a aprovação destas
iniciativas e, mais uma vez, uma atuação, por parte do Governo, em conjugação com a Câmara Municipal de
Portalegre —, no sentido de que seja desenvolvido um programa de recuperação, salvaguarda e preservação
deste património cultural, deste património arqueológico industrial da Sociedade Corticeira Robinson, em
Portalegre.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem ainda a palavra, também para uma intervenção, o Sr. Deputado
Jorge Campos, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Jorge Campos (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, uma palavra de
saudação aos peticionários e também de apreço pelo trabalho que desenvolveram.
Numa altura em que tantas e tão preocupantes questões se colocam em relação ao património, o exercício
da cidadania é, certamente, a forma mais empenhada para abrir caminho à resolução de problemas que se
perpetuam.
A preservação do património é responsabilidade do Estado. Ao Estado compete encontrar as melhores
políticas e, para tanto, equacionar possibilidades combinatórias, de modo a encontrar os parceiros necessários,
bem como os financiamentos indispensáveis. Mas o Estado não pode sucumbir à tentação de deixar cair o que
não é rentável e ceder o que, sendo rentável, fica, muitas vezes, inacessível a quem deveria ser o primeiro
usufrutuário, ou seja, as pessoas.
Por isso, a vossa ação, a ação de cidadania é insubstituível.
A Fábrica Robinson, no centro de Portalegre, é testemunho de um tempo em que a indústria da cortiça foi
determinante.
Criada em 1837, nela chegaram a trabalhar mais de 2000 pessoas.
Ocupa uma área de 7 ha.
As suas imponentes torres são património identitário, memória de um quotidiano vivido por centenas de
famílias ao longo de décadas.
Durante o século XX, conheceu momentos conturbados.
Foi encerrada já este século, em 2009, mas não sem que antes se tenham verificado diversas iniciativas
tendo em vista acautelar o seu inestimável valor patrimonial.
Infelizmente, apesar dos reiterados alertas para a progressiva degradação da Fábrica e do seu acervo, nunca
foi possível dar resposta adequada aos anseios e preocupações dos habitantes, no sentido de preservar aquilo
que constitui elemento irrefutável da sua identidade.
Por isso, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda congratula-se com o consenso entretanto conseguido
e recomenda ao Governo que, em colaboração com a Fundação Robinson, a Câmara Municipal de Portalegre
e a indispensável participação dos cidadãos de Portalegre, diligencie, com carácter de urgência, no sentido de
preservar para memória futura o património material e imaterial da Fábrica Robinson.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Ramos, do
PCP.