I SÉRIE — NÚMERO 61
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A raia do interior perde serviços, públicos e privados, simbolizados no recente encerramento da agência da
Caixa Geral de Depósitos de Almeida, qual sinal político de que aquelas terras são para fechar ao futuro.
À raia só faltava esta. De Espanha, onde às escondidas, antes, se ia ganhar o pão, fintando a Guardia Civil
e a Guarda Fiscal, vem agora uma ameaça silenciosa que põe fim à esperança legítima de um tempo novo.
Se Retortillo fica a 40 km de Almeida, Alameda de Gardón está ali à vista de S. Pedro do Rio Seco, a terra
natal de Eduardo Lourenço, esse enorme cidadão do mundo, europeu pela cultura, mas raiano pelo coração.
Aplausos do PS.
Juntos podemos fazer uma raia de oportunidades, e uma raia de oportunidades quer dizer vizinhança
consequente com Espanha, respeito pelos nossos valores.
A raia é um elemento central de um território transfronteiriço de Salamanca a Coimbra, base da singularidade
programática da pré-candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura 2027.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Santinho Pacheco (PS): — Termino já, Sr. Presidente.
Como escreveu um dia Eduardo Lourenço, em política, a dimensão simbólica é sempre essencial. Uma crise,
em termos políticos, não o é a não ser que exista uma perceção pública.
O Sr. Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo, os autarcas e as populações, a
comunicação social e o País como um todo devem exigir e defender para que toda a Europa ouça: queremos a
raia de Espanha verde, limpa e viva!
Aplausos do PS, tendo os Deputados Helena Roseta e João Soares aplaudido de pé.
O Sr. Presidente: — Para uma segunda intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca, do
CDS-PP.
A Sr.ª PatríciaFonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: No final deste debate, registo com
agrado que o Parlamento é unânime no seu objetivo de que os protocolos de cooperação sejam cumpridos e
que Portugal adote uma posição firme e decidida para que Espanha não volte a ignorar Portugal nestas matérias.
Srs. Deputados, o CDS considera que este debate deve ser feito com a maior seriedade que este assunto
impõe e não com alarme social ou com populismos, que não servem o interesse nacional.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma segunda intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Julgo, Sr.ª Deputada Patrícia
Fonseca, que ninguém considerará um alarmismo se Os Verdes afirmarem que falarmos de uma mina de urânio
a céu aberto é falarmos de algo muito sério em termos de segurança do território, de saúde pública e ambiental
e é falarmos de radioatividade e de uma hipotética contaminação por metais pesados.
O Sr. DuarteFilipeMarques (PSD): — Isso não é verdade!
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Por isso, é inaceitável que o Governo PSD/CDS não tenha feito
rigorosamente nada relativamente a esta matéria e será inaceitável se o Governo do PS não fizer nada sobre
esta matéria.
O Sr. JoãoDias (PCP): — Bem lembrado!