17 DE MARÇO DE 2018
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da construção do armazém de resíduos nucleares, mas também a incapacidade de relançar o debate da revisão
da Convenção de Albufeira.
Por isso, o CDS apresenta este projeto de resolução para que o Governo desenvolva todos os esforços junto
do Governo espanhol no sentido de ser efetuada uma avaliação de impacto transfronteiriço, para que seja
remetida às autoridades portuguesas toda a informação relevante relacionada com este processo e que o
Governo português seja envolvido e informado em todas as fases do licenciamento, caso ele venha a realizar-
se, o que esperamos que não.
Recomendamos também ao Governo que adote uma posição firme e determinada junto do Governo espanhol
para que o Protocolo de atuação seja, de facto, cumprido.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ângela Guerra, do PSD, para
uma intervenção.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do PSD
apresentou um projeto de resolução que hoje debatemos, recomendando ao Governo que exija, junto do
Governo espanhol, em cumprimento das normas e convenções internacionais, a realização de um estudo de
impacto ambiental transfronteiriço relativo a estas minas de urânio de Retortillo.
Desde logo, há um dado adquirido neste debate: todos os partidos querem travar a construção desta mina
sem que seja realizado este estudo do impacto ambiental transfronteiriço.
Neste sentido, gostava de deixar duas notas que consideramos de realçar sobre esta matéria.
Em primeiro lugar, depois de Almaraz, este já é o segundo exemplo de conflitos ambientais, um mau exemplo,
em que concluímos que as autoridades espanholas não cumprem com as convenções internacionais a que se
vincularam, como a diretiva de avaliação de impacto ambiental, a Convenção de Espoo ou a Convenção de
Albufeira. Este é, pois, um comportamento recorrente que traduz aquilo que é um padrão e que nos leva a
afirmar que não podemos confiar no tempo, nem no método, nem tão pouco nas propostas que nos chegam do
lado espanhol. Já não nos podemos bastar também com meras promessas de encontros em fóruns ou com a
básica via diplomática.
A nossa atitude tem de deixar de ser a das meras palavras e temos de passar à ação. A nossa atitude tem
de traduzir-se em ações mais reivindicativas, mais exigentes, mais fiscalizadoras e bem mais firmes e temos,
obviamente, de nos socorrer de todos os mecanismos ao nosso dispor, sem nunca pôr de lado eventuais
denúncias ou queixas dirigidas às instâncias internacionais, quer ao abrigo dos mecanismos bilaterais, quer nos
termos dos demais mecanismos europeus disponíveis.
Não excluímos, obviamente, com isto, a via diplomática, e isto não tem nada a ver com a falta de respeito
pelas regras de um Estado soberano, é exatamente o oposto, Sr.as e Srs. Deputados: quando um Estado
soberano não cumpre com as convenções internacionais, esse, sim, viola a nossa autonomia.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Em segundo lugar, uma segunda nota: a APA explicou muito bem na
informação que enviou que o Governo espanhol informou que a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) já existe
desde 2013 e que a autorização da concessão de exploração foi publicada em 2014, mas isto não tem nada a
ver com o estudo de impacto ambiental transfronteiriço que nós reclamamos,…
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — … também previsto no Protocolo de atuação, como já foi dito aqui, assinado
entre Portugal e Espanha sobre a aplicação das avaliações ambientais, planos, programas e projetos com efeitos
transfronteiriços, como é o caso. Sr.as e Srs. Deputados, só no dia em que este estudo for público poderemos
ficar mais descansados.